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Ações de salvaguarda de sistemas produtivos tradicionais foram selecionadas em várias regiões brasileiras

Prêmio BNDES Sat

Colheita de bananas pacová agroecológicas em roça tradicional que serão enviadas para teste de desidratação na cozinha experimental de São Gabriel da Cachoeira/Créditos: Carlos Demeterco

No município de Santa Isabel do Rio Negro, no noroeste do Amazonas, a Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro (ACIMRN) implantou a Casa das Frutas, que dá suporte de infraestrutura e de gestão a diversas cadeias de valores para produtos desenvolvidos com frutas secas e atende povos indígenas que habitam aquela região. Essa iniciativa é a primeira colocada da 2ª edição do Prêmio BNDES de boas práticas de salvaguarda e conservação dinâmica de sistemas para agrícolas tradicionais. A cerimônia de entrega da premiação ocorrerá nesta sexta-feira (21/05), a partir das 10h, e será transmitida pelo canal oficial da Embrapa no YouTube.

A Casa das Frutas de Santa Isabel do Rio Negro será utilizada por agricultores de comunidades indígenas que abrigam mais de 60 comunidades localizadas em terras indígenas reconhecidas e em processo de reconhecimento pela Fundação Nacional do Índio (Funai). O Sistema Agrícola Tradicional (SAT) do Rio Negro (AM), ancorado no cultivo da mandioca brava, foi registrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Cultural do Brasil.

O Prêmio é uma iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).

Nazária Mandú Lopes colhe pimentas em sua roça, próxima à comunidade Canadá, no rio Ayari, Terra Indígena Alto Rio Negro (AM) -- Créditos: Carol Quintanilha/ISAA parceria entre essas entidades pretende dar visibilidade, fortalecer e apoiar as condições de sustentabilidade dos SATs existentes no Brasil, tendo como pressuposto o desenvolvimento de processos participativos de salvaguarda e o fortalecimento da autonomia das comunidades envolvidas. A premiação contribuiu para a identificação de diversos sistemas agrícolas em todos os biomas brasileiros e tem apoiado o esforço de designações internacionais como Sistema Importantes do Patrimônio Agrícola Mundial (Globally Important Agricultural Heritage Systems, GIAHS), da FAO.

“Para o Iphan, o reconhecimento e a promoção dados à diversidade cultural envolvida nas práticas premiadas reitera sua missão institucional e, também, os compromissos internacionais de preservação do Patrimônio Cultural brasileiro”, ressaltou a presidente do Iphan, Larissa Peixoto. “Uma maior sustentabilidade ambiental das práticas agrícolas no país nos estimula a continuar, sobretudo pela satisfação de poder premiar iniciativas de qualidade como as agraciadas nas duas edições do Prêmio BNDES SAT. Dar-lhes visibilidade é a nossa parcela do prêmio”, completou ela.

Na cerimônia de entrega da premiação, a presidente do Iphan vai lançar a segunda edição da publicação Prêmio BNDES de Boas Práticas para Sistemas Agrícolas Tradicionais que já está disponível no site do Iphan na versão digital. Clique aqui para acessar.

Num total de R$ 610 mil, o prêmio reconhece iniciativas exemplares de salvaguarda e conservação de sistemas agroalimentares tradicionais, desenvolvidas em associação com projetos agrícolas, pecuários, extrativistas, pesqueiros e afins que têm sua centralidade nos conhecimentos e técnicas da cultura de comunidades tradicionais e povos indígenas. Nesta segunda edição foram recebidas 41 propostas de todo o país, sendo 23 habilitadas e dez selecionadas e premiadas. As três primeiras colocadas receberam o valor bruto de R$ 70 mil e, as demais, de R$ 50 mil.

Imagens cedidas pela equipe do projeto Os ciclos do Yaokwa entre os Enawene Nawe qualificação e documentação de registros do Salomã, IphanSociedade de Amigos do Museu do Índio-SAMI (2016-2018). Acervo Iphan, 2017Em quarto lugar dentre as premiadas, no município de Comodoro (MT), está a iniciativa da Associação Etnocultural Indígena Enawene Nawe. Esta população indígena protagonizou esforços para assegurar a realização de sua roça tradicional, denominada Ikioakakwa, em um contexto desafiador de acesso a áreas produtivas que se encontram cada vez mais distanciadas da aldeia. Os principais produtos da roça Ikioakakwa são mandioca, batata-doce, cará, urucum, araruta e feijão. O SAT, que envolve ainda a pesca por barragens, alimenta toda a comunidade e está ligado de forma direta à cosmologia, à memória coletiva e à história desse povo indígena. O ancestral Ritual Yaokwa dos Enawene Nawe é reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Iphan desde 2010.

Diversidade brasileira

Os demais contemplados também desenvolveram propostas inovadoras em todas as regiões do país, como por exemplo, o segundo colocado, “Bancos Comunitários de Sementes da Paixão”, do Polo Sindical e das Organizações da Agricultura Familiar da Borborema, no Agreste da Paraíba. O projeto vem crescendo desde 1993, presente em 13 municípios do Território da Borborema, que atualmente contam com 60 bancos e que juntos armazenam 27 toneladas de sementes crioulas distribuídas em 13 espécies e 145 variedades.

Da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, vem outra iniciativa, a terceira premiada: das comunidades de Apanhadoras e Apanhadores de Flores Sempre Vivas. É uma experiência de reconhecimento e valorização fomentada pelo Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas. O grupo se articula por meio da Comissão de Defesa dos Direitos das Comunidades Extrativistas (CODECEX) e já são reconhecidas pelo programa Sistemas Importantes do Patrimônio Agrícola Mundial (SIPAM) da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).

Os demais premiados foram: o Centro Cultural Kàjire, pela feira de sementes tradicionais da nação indígena Krahô, em Goiatins (TO); as comunidades tradicionais de fecho de pastos do Oeste da Bahia, pela iniciativa dos guardiões e guardiãs do cerrado em defesa da biodiversidade; a Associação dos Pescadores Artesanais de Porto Moz (Aspar), no Pará, pela conservação dos estoques pesqueiros e fortalecimento da entidade e da categoria; a Associação Indígena Ulupuwene, do Alto Xingu, pela festa do Kukuho (“espirito da mandioca”); o coletivo de agroflorestas e frutas nativas da região dos Campos de Cima da Serra Gaúcha, pela conservação e manutenção dos potreiros tradicionais, por meio do aproveitamento e uso das espécies vegetais nativas; e o Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica, do Vale do Jequitinhonha, em Minas, pelo Catálogo de Sementes Crioulas do Alto Jequitinhonha.

Sistemas Agrícolas Tradicionais

Acervo IphanOs sistemas agrícolas de povos indígenas e de comunidades tradicionais são parte importante da dinâmica econômica de diversas regiões e possuem formas únicas de praticar a agricultura. Expressando saberes particulares, os chamados Sistemas Agrícolas Tradicionais envolvem desde o cultivo da terra até diversos outros processos simbólicos e produtivos, de maneira integrada. Sua manutenção está vinculada aos saberes ancestrais dessas comunidades, patrimônios culturais que guardam modos únicos de preservação da agrobiodiversidade.

São registrados como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Iphan o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro, no Amazonas (2010), e o Sistema Agrícola Tradicional das Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira, em São Paulo (2018). A partir do Registro são desenvolvidas ações de salvaguarda, com foco no apoio à sustentabilidade cultural dos saberes e práticas associados a esses bens culturais.

Conheça a publicação: Prêmio BNDES de Boas Práticas para Sistemas Agrícolas Tradicionais

Serviço

Cerimônia de premiação: 2ª edição do Prêmio BNDES
Datas: sexta-feira (21/05)
Horário: a partir das 10h
Transmissão ao vivo: canal da Embrapa no YouTube

 Legenda das fotos na ordem em que aparecem:

– 1ª: imagem: Colheita de bananas pacová agroecológicas em roça tradicional que serão enviadas para teste de desidratação na cozinha experimental de São Gabriel da Cachoeira – Crédito: Carlos Demeterco/ Instituto Socioambiental (ISA)

– 2ª imagem: Nazária Mandú Lopes colhe pimentas em sua roça, próxima à comunidade Canadá, no rio Ayari, Terra Indígena Alto Rio Negro (AM) — Créditos: Carol Quintanilha / Instituto Socioambiental (ISA)

– 3ª imagem: Imagem cedida pela equipe do projeto “Os ciclos do Yaokwa entre os Enawene Nawe” qualificação e documentação de registros do Salomã, IphanSociedade de Amigos do Museu do Índio-SAMI (2016-2018). Acervo Iphan, 2017

4ª imagem: Acervo Iphan

*Com informações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)

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