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O Museu da República (Ibram) realizou na segunda-feira (20), um grande evento em comemoração ao Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, celebrado no dia 21 de março.

No evento, o ministro Silvio Almeida assinou o Acordo de Cooperação Técnica entre o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, a Defensoria Pública da União e o Instituto Brasileiro de Museus que trata de um convênio de recuperação e pesquisa sobre objetos sagrados de religiões de matriz africana, e visa a ampliação do acervo de objetos de religiões afro-brasileiras.

Em 21 de setembro de 2020, o Museu da República recebeu do Museu da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro uma coleção de 519 peças que haviam sido apreendidas entre 1890 e 1946. Conhecido como Nosso Sagrado, o acervo reúne objetos como instrumentos musicais, imagens de santos e roupas ritualísticas utilizados em cerimônias do Candomblé e da umbanda.

“Os objetos eram apreendidos em batidas policiais que aconteciam durante as cerimônias religiosas e permaneciam presos como prova documental de um crime que não existiu. O povo de axé era perseguido por cultuar o seu sagrado, seus orixás. Isso sim, um crime cometido pelo Estado contra as religiões de matriz afro-brasileira”, declarou o diretor do Museu da República, Mário Chagas.

Para o ministro Silvio Almeida, o acordo reforça o processo de reparação histórica aos candomblecistas e umbandistas. “Falar de perseguição às religiões de matriz africana, na verdade, é a gente falar de racismo. Naquilo que se classifica de racismo religioso. Essa discriminação sistemática contra pessoas que são de religiões africanas é porque estão relacionadas ao que representa ser negro no Brasil. É muito importante nós conhecermos essa dimensão da memória, da verdade e da justiça como ponto de partida para que a gente mude a sociedade brasileira”, ressaltou o ministro.

Catálogo Moda de Terreiro

Ainda no âmbito das comemorações do Dia Nacional das o Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, o Museu da República promoveu o lançamento do catálogo impresso “Moda de Terreiro”.

A publicação reúne fotografias de indumentárias sagradas confeccionadas pelas mulheres integrantes do Ateliê Obirim Odara, do Ilê Omolu Oxum, coordenado por Mãe Nilce de Iansã. As vestimentas religiosas apresentadas no catálogo seguem a tradição oral da Bahia, trazida por Iyá Davina (1880-1964), mãe de santo e avó materna de Mãe Meninazinha de Oxum, matriarca do Ilê Omolu Oxum, e as modelos são as próprias mães, filhas e filhos de santo do terreiro.

O catálogo é patrocinado pelo Fundo de Investimento Social (ELAS) e pela Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA Brasil).

 Exposição Marielle Marés

O Museu da República também realizou na tarde desta segunda-feira, 20 de março, a abertura da exposição “Marielle Marés”. Com curadoria coletiva da equipe do Museu da Maré e do Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM), a exposição ocupa o terceiro andar do Palácio do Catete e traz obras de cinco artistas diferentes, que representam a memória da vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018.

A mostra reúne 15 telas, dentre reproduções fotográficas e criações autorais, além da porta do gabinete da vereadora e outros artigos em sua referência. A exposição permanece aberta ao público até o dia 21 de maio.

Texto: Ascom Ibram com a colaboração da Ascom do Museu da República

Fotos: Oscar Liberal (Iphan)