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“Que noite mais funda, Kalunga, no porão de um navio negreiro. Que viagem mais longa, candonga, ouvindo o batuque das ondas do mar, do coração de um pássaro no fundo de um cativeiro”. Com a interpretação da canção de autoria de Roberto Campos e Capinam, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, fez o seu discurso cantado em homenagem à geração de ancestrais do povo afro-brasileiro que desembarcou no Brasil pelas portas do Cais do Valongo, maior porto de entrada de africanos escravizados nas Américas.

Nesta quinta-feira (23), uma comissão de autoridades federais, encabeçada pelas ministras da Cultura, Margareth Menezes, e da Igualdade Racial, Anielle Franco, pela deputada federal Benedita da Silva (PT), pelo presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge, e pelo presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan/MinC), Leandro Grass, fez o lançamento oficial da retomada dos trabalhos do Comitê Gestor do Cais do Valongo, na zona portuária do Rio de Janeiro.

O comitê faz parte dos compromissos assumidos pelo governo brasileiro com a Unesco, por ocasião do reconhecimento do sítio arqueológico como Patrimônio Mundial da Humanidade, em 2017, mas que estava desativado desde 2019. Recriado, o comitê será composto por um colegiado de 15 representantes da sociedade civil e 16 integrantes dos governos federais, estaduais e municipais, entre eles, gestores do Ministério da Cultura, da Fundação Cultural Palmares, do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram/MinC) e do Iphan.

O comitê será a instituição responsável pelos trabalhos de recuperação e valorização do Cais do Valongo. Tem como objetivos essenciais a promoção da instalação da estrutura de gestão integral, compartilhada e participativa do sítio arqueológico, bem como estabelecer as diretrizes para a execução das ações propostas no plano de gestão; monitorar a efetividade das ações governamentais necessárias à preservação e salvaguarda do bem; além de promover a articulação entre as políticas municipal, estadual e federal que incidem sobre o Sítio Arqueológico.

A ideia é transformar o local em um Centro de Referência da Celebração da Herança Africana no Brasil, onde haja espaços para o acolhimento de turistas e para a reflexão sobre o legado do povo afrodescendente à cultura brasileira. “Nós estamos aqui, filhos dos que sobreviveram, buscando justiça e reconhecimento deste lugar como porta de entrada para o legado da cultura dos povos africanos, da cultura da raça negra na construção deste país” disse a ministra Margareth Menezes ao discursar no início da cerimônia.

Fonte: Ascom/MinC