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Mais de 40 pessoas foram impactadas pela iniciativa, que teve como objetivo valorizar as manifestações culturais da comunidade

Edital Funarte Artes Visuais Periferias e Interiores 2021/2022: Visto o que é meu!

Localizada em Salgueiro (PE), cidade com pouco mais de 60 mil habitantes, a comunidade quilombola Conceição das Crioulas recebeu as atividades do projeto “Visto o que é meu!”. A iniciativa foi uma das contempladas pelo Prêmio Funarte Artes Visuais Periferias e Interiores 2021/2022. Idealizada pela produtora cultural, figurinista, pesquisadora, artista visual e performer, Katarina Barbosa, a ação ofereceu oficinas de modelagem em argila, moda, empreendedorismo afrocentrado, introdução à programação e design de interfaces.

Com a participação no edital da Funarte, foi possível trazer, pela primeira vez, formação em inclusão digital através da arte e da identidade local para a comunidade. Entre os objetivos destacam-se a valorização e a preservação das manifestações e fazeres dos quilombolas, além de apresentar novas formas de geração de renda. A execução das atividades contou com uma equipe 100% formada por pessoas pretas.

A iniciativa desenvolveu quatro oficinas realizadas na própria comunidade, nos meses de março a maio. Ao todo, 49 pessoas receberam a formação e podem, agora, multiplicar os conhecimentos para familiares e amigos. Um dos resultados alcançados foi a produção de peças com linho e algodão apresentadas no desfile da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (FENEARTE) – que aconteceu em Olinda (PE), em julho.

De acordo com Maria de Lourdes, participante do projeto, a grande importância do trabalho desenvolvido, no caso, oficina de modelagem em argila (cerâmica), é trabalhar também a história do lugar em que se pega o barro. Ela conta que a retirada do material é sempre feita em conjunto. E explica: “(Precisamos) valorizar as pessoas que ensinam para que não fique só em um. Vão sempre várias, para aprender a tirar com cuidado e sustentabilidade. É um espaço sagrado e divino”.

Para Eliane das Dores, que também frequentou as oficinas, foi uma experiência diferente. “Além de ser uma nova oportunidade de empreender, foi uma forma de engajar os jovens na comunidade que não tem tanta participação nas atividades e de aprender com a cultura quilombola”.

“Visto o que é meu!”

O projeto existe desde 2008 e tem como foco a oferta de oficinas de indumentárias e adereços para grupos de dança quilombola e mulheres costureiras. A ação já passou por oito comunidades do Sertão e Agreste de Pernambuco e atualmente trabalha com aulas de inclusão digital e empreendedorismo.

A idealizadora, Katarina Barbosa, enalteceu a importância de ter sido premiada pela Funarte. “A gente está muito feliz, porque ampliamos o projeto que antes era uma oficina e agora fizemos quatro. Finalizamos com qualidade”.

Sobre o edital Periferias

Realizado pela Fundação Nacional de Artes, o Prêmio Funarte Artes Visuais Periferias e Interiores contemplou, em sua segunda edição, 16 projetos com R$ 50 mil cada. O objetivo foi incentivar o desenvolvimento de oficinas temáticas presenciais na área de artes visuais. As atividades precisavam ser organizadas em periferias urbanas com características de vulnerabilidade social e econômica ou em cidades com população de até 150 mil habitantes.

As oficinas abordaram as artes visuais em suas práticas convencionais, contemporâneas ou aplicadas. A ideia foi apresentar ferramentas para tornar a produção artística uma atividade economicamente sustentável, além de oferecer noções básicas de planejamento financeiro e marketing para os participantes das aulas.

Acesse aqui o vídeo final do projeto “Visto o que é meu!”, no YouTube da Funarte.

Fonte: Funarte