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Apresentação do grupo Fandanguará, de Fandango Caiçara

Com 22 integrantes, o grupo Fandanguará promove a música, a dança e a produção de instrumentos do Fandango Caiçara

Depois do recolhimento da quaresma, é tradição para os fandangueiros que, no Sábado de Aleluia, grupos realizem bailes de Fandango Caiçara, mas este ano a quarentena do novo coronavírus impediu a realização presencial das festas. Assim, três integrantes do grupo Fandanguará, do município de Guaraqueçaba (PR), convocaram os dançantes de dentro de suas próprias casas, promovendo o baile por meio de uma live nas redes sociais. É essa experiência que o grupo apresentará nesta sexta-feira, 24 de abril, durante a ação Patrimônio Cultural #Emcasa, um bate-papo musical por meio das redes sociais, realizado em parceria entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e detentores da cultura popular do Brasil.

O grupo foi criado em 2004, com o objetivo de reunir jovens em torno da música e da dança do Fandango Caiçara. Desde então, o Fandanguará participa de festas, festivais, palestras e oficinas no município de Guaraqueçaba, mas também em todo o território caiçara, nos estados de São Paulo e Paraná, chegando até Paraty (RJ). Visibilizando a ancestralidade caiçara, os 22 integrantes do coletivo passaram a conhecer as técnicas de luteria e já produzem eles mesmos as primeiras rabecas e machetes, seguindo o exemplo de mestres e mestras da região.

“Eu sou caiçara, nascido em Paranaguá (PR), mas moro em Guaraqueçaba. Aos 13 anos, comecei a participar de grupos de cultura popular, como o de teatro de bonecos. Aí conheci o Fandango. E, assim, descobri que minha família tinha uma história no Fandango”, conta Lenadro Dieguez, 34 anos, integrante do grupo Fandanguará. “O Fandango já foi proibido. Também tiveram leis de proteção ambiental que generalizavam a abordagem, proibindo que os mestres cortassem árvores para a fabricação de instrumentos. E muita gente deixou de fazer”, explica Leandro. À medida que adentrou a cultura caiçara, descobriu que seus avós tinham importante participação no Fandango.

E a ancestralidade foi seguida pelos jovens fandangueiros. Tradicionalmente, durante a quaresma, não se toca o Fandango. As cordas de violas e rabecas são afrouxadas e até mesmo retiradas dos instrumentos, que são postos de boca para a parede. “O fandango fica impossibilitado durante a quaresma. Não tocam, nem dançam, somente constroem”, conta Dieguiz. Apenas no Sábado de Aleluia é que os grupos tornam a afinar as cordas para conduzir os bailes. Este ano, porém, o fim da quaresma se deparou com a quarentena do coronavírus. E a solução foi a live de integrantes do grupo Fandanguará nas redes sociais.

A experiência do grupo será relatada na quarta edição da ação Patrimônio Cultural #Emcasa, que tem como objetivo visibilizar práticas e saberes de detentores e, ainda, servir de alerta quanto à importância do isolamento social durante a situação de emergência em saúde pública. A ação se situa ao lado de outras iniciativas semelhantes: um bate-papo musical, viabilizados em lives de redes sociais, com transmissões realizadas dentro cada de cada mestre ou mestra. Os convidados das edições anteriores foram o mestre Hailton Crimbó e o cantor Tiãozinho da Mocidade, detentores do Carimbó e das Matrizes do Samba do Rio de Janeiro, respectivamente. O último bate-papo teve a presença de Dona Dalva, sambadeira do Samba de Roda do Recôncavo Baiano.

A proposta é que toda semana um pouco da história de um bem cultural seja contada por um detentor que, a cada narrativa, vai cantar ou tocar a música que é característica daquela manifestação. Esse conteúdo é compartilhado nos canais do iphan – e as lives poderão ser acessadas em celulares, tablets e computadores. De casa, os mestres participantes ainda enviam uma importante mensagem a outros mestres: cumprir o isolamento social, uma vez que boa parte dos detentores faz parte dos grupos de risco para o novo coronavírus.

Fandango Caiçara

Registrado como Patrimônio Cultural do Brasil em 2012, o Fandango Caiçara é uma manifestação musical, coreográfica, poética e festiva, que ocorre na faixa litorânea que vai do sul do estado de São Paulo ao norte do Paraná. O universo do Fandango Caiçara é composto por um amplo leque de significados, indo desde práticas de trabalho, divertimento, religiosidade, música e dança a prestígios, rivalidades, saberes e fazeres. Com diferenças que se definem pelos instrumentos utilizados, pela estrutura musical, versos e toques, o Fandango Caiçara se classifica em batido e bailado (ou valsado).

Serviço
Patrimônio Cultural #Emcasa
Data: 24 de abril de 2020, às 18h
Local: na sua casa
Para assistir, basta acessar as redes sociais do Iphan:
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Mais informações para imprensa
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