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1.11.2018 – 15:00

Como parte de um ciclo de atividades que celebra e promove o Patrimônio Cultural da Região Norte do Brasil, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), entidade vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), realiza nos dias 8 e 9 de novembro a 90ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, em Belém (PA). Nesses dois dias de discussões, os conselheiros irão avaliar os pedidos de reconhecimento de três bens: o Marabaixo, do Amapá; o Complexo Cultural Boi Bumbá do Médio Amazonas e Parintins, do Amazonas; e um geoglifo do Acre.

Foto: Acácio Pinheiro (Ascom/MinC)

O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural é o órgão colegiado de decisão máxima do Iphan para as questões relativas ao patrimônio material e imaterial. São 22 conselheiros que representam o Ministério da Educação, o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o Ministério do Meio Ambiente, o Instituto Brasileiro dos Museus (Ibram), o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), a Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), e mais 13 representantes da sociedade civil, com especial conhecimento nos campos de atuação do Iphan.

No primeiro dia da reunião, serão definidos os registros do Marabaixo e do Complexo Cultural Boi Bumbá como Patrimônios Culturais do Brasil. As duas manifestações culturais são tradicionais da região Norte e estão sendo destacadas por sua fundamental importância enquanto referência cultural brasileira. No dia 9, será avaliada a pertinência do tombamento do geoglifo localizado no Sítio Arqueológico Jacó Sá, em Rio Branco (AC), como exemplar das estruturas também conhecidas como tatuagens da terra.

 

Devoção e resistência negra 

Foto: Eduardo Costa (Iphan)

Fruto da organização e identificação predominante entre as comunidades negras do Amapá, o Marabaixo é uma expressão cultural de devoção e resistência que representa tradições e costumes locais e reúne ritmo, dança, vestimentas, comidas e literatura. A origem do nome da manifestação remete aos escravos que morriam nos navios negreiros; seus corpos eram jogados na água e os negros cantavam hinos de lamento mar abaixo e mar acima. Os negros escravizados passaram a fazer promessas aos santos que consagravam, e quando a graça era alcançada se fazia um Marabaixo.

Sua herança é deixada de pai para filho, e está associada ao fazer religioso do catolicismo popular em louvor a diversos santos padroeiros. Por ser uma forma de expressão que reúne referências culturais vivenciadas e atualizadas pelos amapaenses, fundamental para a construção e afirmação da identidade cultural negra brasileira, além de compor a memória, a identidade e a formação da nossa sociedade, o Marabaixo poderá ser registrado pelo Iphan no Livro de Registro das Formas de Expressão.

 

Enredo e drama na grande festa do Boi 

Foto: Rogério de Oliveira (Iphan)

São muitos os modos de brincar que celebram o Boi Bumbá pelo Brasil. Na região Norte, o folguedo se estabeleceu de forma marcante nas regiões do Médio Amazonas e Parintins (AM), misturando uma série de danças, músicas, drama e enredo que faz o coração dos brincantes e do público pulsar forte e é uma das mais tradicionais e reconhecidas expressões culturais do país.

Com influências das missões jesuíticas, agregando referências indígenas e negras e, também de outras regiões, como o Nordeste, os Bois se caracterizam por fortes elementos marcados na transmissão do folguedo, na construção das identidades sociais e no intenso envolvimento das comunidades na preparação de seus três formatos – Boi de Arena, Boi de Terreiro e Boi de Rua – e dos inúmeros saberes que constituem o chamado Complexo do Boi Bumbá do Médio Amazonas e Parintins. Caso seja reconhecida pelo Conselho Consultivo, a manifestação cultural será registrada no Livro de Registro das Celebrações.

 

Tatuagens da terra

Foto: Oscar Liberal (Iphan)

As estruturas conhecidas como geoglifos são um tipo de sítio arqueológico, formado por estruturas escavadas no solo, valetas e muretas que representam figuras geométricas de diferentes formas e grandes dimensões. Essenciais para entender o processo de ocupação e povoamento da região amazônica, onde grupos indígenas modificaram o ambiente e imprimiram na terra as características de sua identidade, essas marcas são numerosas na região Norte do país, em especial, no Acre.

Em Rio Branco, o Sítio Arqueológico Jacó Sá poderá ter o primeiro geoglifo tombado pelo Iphan, destacado pelo seu fácil acesso e clara identificação pelos visitantes, oferecendo, além de sua já reconhecida importância científica, histórica e afetiva, também um potencial de atrativo turístico. Junto aos demais geoglifos do Estado, ele está inserido na Lista Indicativa a Patrimônio Mundial, destacados por sua excepcionalidade e relevância enquanto exemplares únicos do patrimônio histórico de todo o mundo.

 

Fonte: Assessoria de Comunicação Iphan / Ministério da Cultura