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7.8.2018 – 16:18

O Museu Casa de Rui Barbosa completa 88 anos no dia 13 de agosto e, em comemoração, promove três encontros gratuitos em sua sede, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro (RJ). Dois deles ocorrem no dia 10: o Colóquio Literatura Infantil e história cultural e a mostra Os livros para crianças nos tempos de Rui Barbosa. No dia do aniversário, o museu promove o III Encontro Brasileiro de Museus Casas, com o tema Museus Casa: edifício, coleção e personagens. Todos os eventos têm entrada gratuita.

As ações previstas para o mês de agosto resgatam a rica história do Museu Casa de Rui Barbosa e sua importância social (Foto: Ivo Gonzalez)

O colóquio de literatura infantil reunirá pesquisadores com estudos ligados a diversas áreas da história. O encontro explora a importância da literatura infantil enquanto cultura material em suas múltiplas dimensões, para além dos aspectos estéticos ou didáticos do texto. De 10 a 22 de agosto, a mostra Os livros para crianças nos tempos de Rui Barbosa exibe obras raras da literatura infantil pertencentes ao acervo da Fundação Casa de Rui Barbosa. A exposição permite conhecer aspectos da cultura material da infância e da história da literatura infantil.

III Encontro Brasileiro de Museus Casas será no auditório da Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), das 9h às 18h, com entrada gratuita, mediante inscrições prévias. O evento do dia 13 de agosto propõe uma reflexão sobre a forma mais clássica da casa museu, com a manutenção dos registros físicos e simbólicos de sua formação, mas que se apresenta em permanente transformação dada as influências de seus públicos, discursos e interpretações.

As ações previstas para o mês de agosto resgatam a rica história do Museu e sua importância social. “Fomos pioneiros no atendimento ao público de escolas. A casa, em 1930, era uma glorificação do patrono Rui Barbosa. Ao longo dos anos, o conceito foi ampliado e temos um papel importante na formação da comunidade, na educação de novas gerações e na produção de conhecimento por meio de pesquisas e encontros”, destaca a chefe da Divisão de Museu da Casa de Rui Barbosa, Jurema Seckler.

 

Histórico

A Casa de Rui Barbosa fazia parte da fazenda do padre Clemente Martins, que deu origem ao nome da rua onde fica localizada, a São Clemente. Bernardo Casimiro de Freitas, Barão da Lagoa, um rico comerciante português, comprou o terreno e construiu a casa, terminando-a em 1850. A construção está instalada em meio a um jardim histórico, entre caramanchões, pontes, lago em forma de rio, cascatas e quiosques. Com mais de 9 mil m², é uma importante área verde para o bairro de Botafogo, recebendo moradores e visitantes diariamente.

Em 1879, o comerciante português Albino de Oliveira Guimarães adquiriu o imóvel e, em 1890, vendeu-o ao inglês John Roscoe Allen. Este, por sua vez, vendeu a Rui Barbosa em 1893. A família de Rui só ocupou a casa dois anos depois, ao voltar da Inglaterra, onde se exilara por motivos políticos.

A casa já contava com água encanada, quente e fria, quando Rui a comprou. Durante os 28 anos em que a família residiu na casa, ela foi recebendo melhorias que denotam também os progressos tecnológicos do período: o sistema de iluminação foi adaptado para utilização de luz elétrica, em substituição ao gás domiciliar – Rui manteve em alguns cômodos os bicos de gás – e possuía telefone.

Em 1924, um ano após a morte de Rui Barbosa, o governo federal comprou o prédio, inclusive a biblioteca e o arquivo de Rui. Quatro anos mais tarde, adquiriu também o mobiliário. Em 13 de agosto de 1930, o presidente Washington Luís inaugurava-a como o primeiro museu-casa do Brasil, homenageando seu antigo líder político.

O local abriga a memória da vida privada e pública de Rui Barbosa de Oliveira (1849-1923), jornalista, jurista, político, diplomata e exímio orador. Atuou como deputado, senador, candidato à Presidência da República, participou de todas as grandes questões políticas e sociais da época, foi coautor da Constituição da Primeira República e presidente da Academia Brasileira de Letras, em substituição a Machado de Assis.

O acervo que pertenceu a Rui Barbosa compreende sua imensa e preciosa biblioteca, mantida no local original, organizada ao longo de sua vida e que reúne 37 mil volumes. Há livros sobre os mais variados ramos do conhecimento. A maioria das obras são jurídicas. Uma curiosidade é que Rui Barbosa possuía legislações de todos os países, suas constituições, códigos e leis civis, comerciais, penais e processuais. Colecionava obras dos maiores jurisconsultos dos séculos XIV ao XVII. Entre os exemplares, as Leis do Brasil (1808 a 1923), os Anais da Assembleia Constituinte (1823 e 1891), da Câmara (1826 a 1923) e do Senado (1826 a 1923).

 

Memória do Mundo

O Arquivo documental de Rui Barbosa, pertencente ao Arquivo Histórico Institucional da Fundação Casa de Rui Barbosa, é um dos sete arquivos nominados como Registro Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Além disso, são preservadas as peças de mobiliário, objetos decorativos e de uso pessoal, e ainda viaturas que compõem o conjunto do Museu.

Rui Barbosa cuidava pessoalmente da decoração da casa, que demonstrava a forte influência europeia. Objetos e móveis trazidos das suas viagens somavam-se a objetos adquiridos nos famosos magazines da cidade, como Mappin & Webb, Casa Leonardos e Loja América e China. A decoração interior traduz o ecletismo que dominou as artes no Brasil no final do século XIX e início do XX, como reflexo de uma sociedade em transformação.

Os ambientes do Museu permaneceram basicamente fiéis aos da casa, quando ocupada por seu último proprietário. As pinturas, lustres, tapetes e móveis oferecem ao visitante uma visão do que era, na época, a residência de uma família da classe média urbana em formação na sociedade brasileira.

 

Serviço

Fundação Casa de Rui Barbosa

Rua São Clemente 134, Botafogo – Rio de Janeiro, RJ

Telefone: (21) 3289-4600

E-mail: fcrb@rb.gov.br

 

Fonte: Assessoria de Comunicação / Ministério da Cultura