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05.10.2018 – 17:35

A profissionalização dos agentes culturais de municípios de todos os estados brasileiros ofertada pelo Ministério da Cultura (MinC) desde 2009 tem impactado diretamente na otimização do uso dos recursos dos municípios e estados, na capacidade de trabalho e na renda, na área cultural das localidades. Foi o que apontou estudo do Centro de Estudos de Governo (Cegov) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), realizado entre 2015 e 2017 com os participantes do curso. A avaliação foi apresentada na manhã desta sexta (5), em Brasília, pela Secretaria da Diversidade Cultural (SDC) do MinC.

Segundo a pesquisa, a partir dos cursos oferecidos dentro do Programa Nacional de Formação de Gestores, os municípios passaram a realizar diagnósticos da área cultural de sua região, elaborar políticas culturais, e formular material didático com a intenção de multiplicar os conhecimentos adquiridos. A formação tem contribuído para a padronização do conceito do que é cultura, e dos processos de gestão, além da ampliação das redes de contato entre os gestores, o que fortalece o Sistema Nacional de Cultura.

“A avaliação mostra que estamos no caminho certo”, celebrou a secretária da Diversidade Cultura, Magali Moura. Segundo ela, o trabalho também ajudou a alinhar a linguagem e aperfeiçoar a articulação do MinC com estados e municípios. “Fortalecemos o Sistema Nacional de Cultura, no qual temos o mesmo objetivo, o mesmo caminhar. Tudo isso dentro da diversidade e respeitando a autonomia dessas localidades”, conclui.

O programa de formação auxiliou a mudar a própria concepção de cultura para diversos gestores, explicou a pesquisadora da UFRGS, Mariana Baldi: “No Brasil, há uma ideia de que cultura é festividade, que cultura é evento. Com os cursos, foi possível valorizar também outras dimensões, como o patrimônio”. Para Baldi, a partir do momento em que se reconhece outras dimensões da cultura, o agente cultural começa a “pensar” a política pública de forma mais ampla. “A partir daí, ele é muito mais capaz de atingir a vida do cidadão e de alterar essa cidadania local,” destacou.

 

Resultados

A formação chegou a municípios de todos os estados com uma grade curricular mínima a partir de 2014, fruto do desenvolvimento da programação dos primeiros cursos criados no âmbito do programa.

Os cursos ajudaram o Pará, por exemplo, a criar o Fórum Permanente de Cultura do Oeste do Pará para fortalecer o debate em torno das políticas culturais na Amazônia Central. Já em Roraima, 17 trabalhos de conclusão de curso (TCC) resultaram na publicação de um livro com diagnóstico do setor cultural no estado.

O pesquisador Fernando Lopes destaca que o programa de formação otimizou a aplicação dos recursos na área da cultura. “Há uma enorme diversidade cultural no Brasil, às vezes, algumas recebem mais atenção. O programa despertou para a necessidade de se reconhecer toda essa diversidade e qualificou a aplicação dos recursos. Isso transforma a gestão da cultura no nível municipal, que é onde se tem a maior carência”, afirmou Lopes.

O estudo mostrou também que os alunos egressos estão atuando como multiplicadores dos conteúdos absorvidos, além de terem melhorado sua participação em conselhos estaduais e municipais de cultura. “Alguns ex-alunos tornaram-se conselheiros, outros até secretários”, disse Magali Moura.

 

Avaliação

Para realizar o estudo, os pesquisadores iniciaram a coleta de dados secundários – nome do curso, matérias oferecidas, número de vagas, matrículas, entre outros – no ano de 2015. Na segunda fase, foi feita uma coleta de dados primários entre março e agosto de 2017, por meio de uma pesquisa online. Depois dessa apuração, foi realizada pesquisa aprofundada com 21 coordenações de cursos.

Foram estabelecidos indicadores em quatro categorias: eficácia, que mediu o impacto do conteúdo e formato dos cursos; eficiência, que tratou das vagas ofertadas, preenchidas e do índice de finalização dos cursos; efetividade, que mostrou o incremento na gestão de cultura implementado pelos alunos que terminaram os estudos; e relevância, que observou a melhora dos indivíduos como propagadores das políticas culturais em suas localidades.

 

Fonte: Assessoria de Comunicação / Ministério da Cultura