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A São Paulo Fashion Week Verão 2015 começa hoje marcando um ano da mudança de calendário que ajustou as datas de desfiles com o movimento do varejo, em uma ação para melhor organizar o setor. Além disso, encara o desafio de vencer desafios de mercado, de se firmar como importante atividade cultural do País e de acompanhar as tendências internacionais. Para a Ministra Marta Suplicy, além de ser o setor que mais cresce economicamente no mundo, a moda precisa de estímulos econômicos, culturais e políticos. Entre as principais ações, está o Plano Setorial de Moda, que está em fase de elaboração e em breve será levado à consulta pública. Segundo a ministra, que confirmou sua presença na SPFW, o plano trará ações para a formação de competências criativas, políticas de promoção nacional e internacional e de fomento aos empreendedores da moda.

Sobre este e outros assuntos, a ministra falou ao Estado.

A São Paulo Fashion Week começa na próxima semana sua próxima edição (um ano depois do alinhamento do calendário (que mudou os desfiles para abril e outubro) com datas mais condizentes com o movimento do varejo. Em tempos em que a moda é mais do que nunca, cultura, como vê a importância de um evento como a SPFW para a moda brasileira? Tanto simbolicamente quanto em questão de negócios?

A São Paulo Fashion Week é a quinta maior semana de moda do mundo, uma grande vitrine para o design de moda brasileiro, com a presença de marcas importantes. O evento é cada vez mais influente na cultura de moda do País. Tem um papel relevante na visibilidade dos estilistas brasileiros, sendo um passaporte para o mercado internacional. A produção brasileira, com sua estética própria, tem nesse evento a representação de seu talento criativo. Moda tem uma enorme cadeia produtiva e gera muitos empregos no país.

Em questão de negócios, o Ministério da Cultura leva em consideração a importância de mercado, de movimentação de divisas, da economia, de sua capacidade de gerar empregos para elaborar estudos e planos para o setor da moda?

Sim. O Ministério leva em consideração a importância desse mercado. A moda é o setor que mais cresce economicamente no mundo. Ela envolve não somente o vestuário, mas também os acessórios, joias e bijuterias. E cada vez mais. O desenvolvimento desse mercado gera reflexos positivos em outros setores tais como calçados, têxtil. Não podemos perder esses dados de vista na hora de traçar as políticas para o setor. Por isto o Ministério da Cultura vem buscando compreender todas as especificidades desse mercado.

Que planos e estudos têm sido elaborados pelo MinC para a moda nacional?

Estamos trabalhando com diversos agentes da moda para a finalização do Plano Setorial da Moda, que depois será levado à consulta pública, a fim de receber contribuições da sociedade. Ele trará ações para a formação de competências criativas, políticas de promoção nacional e internacional e de fomento aos empreendedores da moda. Também há propostas de preservação e construção da memória partindo de uma visão antropológica de que moda é cultura. O estímulo à criação e à descoberta de novos talentos, bem como a oferta de condições favoráveis para que possam criar e atuar nesse mercado são importantíssimos para a consolidação do setor.

Muito se fala que a moda brasileira está em crise. Está? Se sim, ou se não, seria a SPFW que estaria em crise? Ou a moda? Se está em crise, é a moda como setor criativo ou de indústria e mercado?

Não há que se falar em crise. A SPFW é um evento consolidado, muitos dos nossos estilistas foram descobertos pelo mundo a partir dos desfiles que realizaram nesse evento. A moda também não está em crise, é uma atividade em expansão tanto no mercado nacional quanto internacional. Estive recentemente na Itália visitando algumas instituições de economia criativa. Além destes, presidente e reitor, autoridades da área cultural italiana, país que abriga 80/ do patrimônio histórico/cultural mundial, acreditam que economia criativa entre elas a moda e design são o investimento mais esperançoso para o futuro de expansão cultural e econômico do País.

O que vai bem na moda nacional? O consumo ou a área criativa?

Como já disse, não há crise de criação nem de consumo. A moda vai bem e vai ficar melhor. A produção diferenciada para diferentes setores permeia toda a criação. É uma atividade cultural com forte viés econômico que precisa ser aproveitada e estimulada. Além disso, a moda tem uma relação direta com os modos de fazer, criar e viver de um grupo, uma comunidade, uma etnia, uma sociedade. Está impregnada de seus signos e valores. O processo criativo no campo da moda tem uma ligação intrínseca com a arte. A pesquisa e a experimentação na concepção de artefatos são parte desse fazer artístico. A moda deve ser considerada como parte da “área cultural”. O fato de se relacionar com o mercado e a indústria em alguma medida, não a tira dessa condição.

O que é preciso para que a moda brasileira vença as dificuldades e cresça? Formar profissionais, políticas de incentivo e isenção de impostos?

O Ministério da Cultura já vem atuando no sentido de promover ações e potencializar as atividades da Moda. O programa Incubadoras Brasil Criativo, coordenado pela Secretaria da Economia Criativa, é um dos espaços de inovação, fomento e formação para atendimento dos empreendedores criativos, sendo a moda um dos principais. A Rede inclui 13 incubadoras estaduais para dar suporte nas áreas de formação profissional e oferecer informações de como obter financiamento para suas atividades. Além disso, é crescente o número de projetos do setor da Moda apoiados pela Lei Rouanet. Estamos fazendo um plano que prevê ações para apoio a todos os elos da cadeia produtiva, estabelecendo parcerias para aumentar os recursos direcionados ao setor. Além disso, avançamos na construção de um Plano Setorial que é para o Brasil, não apenas para o Ministério da Cultura. Acredito que estamos no caminho certo.

Confira na íntegra a matéria.

Fonte: Estadão

Publicação: Ascom / MinC