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Espetáculo Dom Quixote, da Teatro Experimental de Alta Floresta. Companhia mato-grossense é um dos 10 empreendedores de artes cênicas que representarão o Brasil no Micsul (Foto: Camila Vedoveto)

10.10.2016 – 10:00

Grandes perspectivas para instituições e grupos de artes cênicas do Brasil e da América do Sul, tanto em oportunidades de negócios quanto no intercâmbio de conhecimentos. É o que promete a segunda edição do Mercado de Indústrias Culturais do Sul (Micsul), que será realizada em Bogotá, na Colômbia, dos dias 17 a 20 de outubro. Dada a importância do evento, o Ministério da Cultura (MinC) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) apoiam uma missão à capital colombiana com 60 empreendedores, sendo 10 representantes do setor.

A delegação do segmento de artes cênicas reúne tanto instituições ofertantes, que vão divulgar seus produtos e serviços no exterior, quanto demandantes, que buscam atrações para enriquecer programações de mostras e festivais brasileiros.

O Serviço Social da Indústria de São Paulo (Sesi-SP) será um dos membros da delegação como demandante. Anna Helena da Costa Polistchuk, analista de atividades culturais da instituição, diz que sua viagem tem como objetivo entrar em contato com atrações para os eventos de artes cênicas nos 16 teatros paulistas do Sesi. “Trata-se de uma chance de conhecermos o que acontece na América do Sul. Apesar da proximidade geográfica, há dificuldade no acesso a esse tipo de informação”, assinala Anna. “Considero fundamental a iniciativa pública em apoiar nossa ida. O custo desse tipo de atividade é muito caro. Sozinhos, não conseguiríamos fazer isso”, ressalta.

Criado há 28 anos, o Teatro Experimental de Alta Floresta (MT), cidade localizada a 800 quilômetros de Cuiabá, também estará no Micsul como demandante. Elenor Cecom Júnior, ator e produtor da companhia e espaço cultural, conta que, há seis anos, sempre em novembro, a entidade realiza o Festival de Teatro da Amazônia Mato-grossense. “Queremos aproveitar o Micsul para receber propostas de grupos que desejem participar de futuras edições do festival e divulgar nosso evento”, informa.

Para Elenor, usar o nome Amazônia já é um diferencial e um atrativo para os estrangeiros. “Em 2015, recebemos Eugenio Barba, célebre diretor italiano do Odin Teatret, da Dinamarca. Mas, além de atrações para o festival, queremos compartilhar experiências de processos criativos com artistas latino-americanos”, conta. “Ir a um evento desse tipo, por meio de uma política do MinC, significa muito para fomentar a circulação de obras brasileiras nos outros países e deles aqui. Afinal, só se estabelecem parcerias frutíferas quando as duas partes ganham”, conclui.

Dança

A companhia goiana Quasar se apresentou na última edição da Mostra Brasileira de Dança (Foto: Wellington Dantas)

A companhia goiana Quasar se apresentou na última edição da Mostra Brasileira de Dança (Foto: Wellington Dantas)

Há 13 anos, é realizada no Recife a Mostra Brasileira de Dança, que já trouxe atrações da maioria dos estados e de nove países. Íris Lima, diretora do evento, diz que viaja ao Micsul com a perspectiva de exportar a Mostra, realizando grandes negócios. “Já pensávamos nisso e teremos a possibilidade de nos conectarmos com agentes culturais e realizarmos um planejamento. Já estive em outras feiras internacionais antes, porém acredito que agora participarei com mais intensidade”, diz.

Íris, que já pesquisa sobre programadores internacionais para agendar possíveis encontros, conta que levará na bagagem material de oito companhias brasileiras de diversos estilos, como a mineira Mimulus, de dança de salão, e a pernambucana Grial, de dança popular.

Com espaço aberto a todas as linguagens artísticas, do teatro e do circo à música e ao cinema, o festival brasiliense Cena Contemporânea chega à sua 17ª edição em novembro. Alaor Rosa, diretor e curador, viaja a Bogotá como ofertante. Ele acredita que a missão lhe permitirá diálogo com teatros, investidores e programas, de olho em possíveis parcerias para levar o evento do Distrito Federal para além das fronteiras brasileiras.

O diretor e curador acredita que a ida ao Micsul fortalece a presença das artes cênicas como agenda de governo no tema de internacionalização da cultura. “Festivais internacionais como o nosso dão publicidade ao Brasil e mostram a cara do que o País produz”, observa. Na visão de Alaor Rosa, o Mercado de Indústrias Culturais do Sul atende a uma reivindicação de redes de artistas para criação de um corredor cultural latino-americano, com a possibilidade de se discutirem questões como fomento, leis de incentivo e carga tributária. “Estamos em um caminho sem volta, que precisa ser seguido para reforçar a identidade da América Latina”, declara.

Fortalecer intercâmbios

Coordenador de Dança do Centro de Artes Cênicas da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Fabiano Carneiro considera o Micsul extremamente relevante para aproximação do Brasil com outros países da América Latina. “Temos trabalhado para fortalecer intercâmbios nas áreas de circo, teatro e dança e estreitar laços em um mercado com enorme potencial, principalmente por conta do renome dos participantes desta missão”, afirma Fabiano. “Serão 10 países presentes. Isso nos permite criar parcerias institucionais para irmos muito além do evento. Poderemos mostrar a outros governos ações desenvolvidas pela Funarte”, exemplifica.

Fabiano Carneiro destaca como critérios para escolha de grupos e instituições que viajarão ao Micsul a descentralização, privilegiando também representantes fora do eixo Rio-São Paulo, a importância dos projetos e a possibilidade destas iniciativas dialogarem com as nações vizinhas. “Nossas expectativas são as melhores possíveis, pois damos um passo importante para a internacionalização da cultura brasileira em nosso continente”, destaca.

Texto e Fonte: Marcelo Araújo/Assessoria de Comunicação/Ministério da Cultura