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25.08.2016 – 16:00

Vencedores do Prêmio Oliveira Silveira autografam obras durante o lançamento. Da esquerda para direita: Luiz Eduardo, André Luís, Eliane Alves, Júlio César e Maria Custódia (Foto: Acácio Pinheiro / Ascom MinC)afro

Estimular a produção literária com temática afro-brasileira é uma das prioridades da atual gestão da Fundação Cultural Palmares (FCP). Entre as ações previstas, está a criação de um Conselho Editorial que irá selecionar, por ano, em média, oito livros para serem publicados, entre romances, poesias, ensaios, biografias e livros de história. Nesta semana, a fundação deu um importante passo, com a publicação dos cinco romances vencedores do Prêmio Oliveira Silveira.

Em comum, as obras tratam da trajetória de negros africanos (reais ou fictícios) trazidos ao Brasil para serem escravizados em fazendas de produção de açúcar ou minas de ouro. Os livros, com tiragem de seis mil exemplares, serão distribuídos a bibliotecas públicas e utilizados em feiras e festivais literários. “Os livros do Prêmio Oliveira Silveira foram o pontapé inicial e certamente iremos lançar outros. Nossa ideia é que o conselho funcione como uma editora normal, mas voltada à temática afro-brasileira”, informa o presidente da Palmares, Erivaldo Oliveira.

Foram premiadas as seguintes obras: Água de Barrela, de Eliana Alves dos Santos Cruz, Haussá 1815 – Comarca das Alagoas, de Júlio César Farias de Andrade, Sobre as vitórias que a história não conta, de André Luís Soares, Sina traçada, de Custódia Wolney, e Sessenta e seis elos, de Eduardo Carvalho. Além da publicação dos romances, os autores também receberam premiação de R$ 30 mil.

“Este prêmio tem uma importância vital. Fiquei cinco anos escrevendo, sem perspectiva de publicação. Porém, logo após ter acabado de redigir o livro, me deparei com o edital e não duvidei que seria uma ótima chance de ver meus escritos, que retratam parte da história do Brasil a partir de memórias familiares, transformados em livro”, conta Eliana Alves, autora de Água de Barrela. “Como recorri a histórias de minha família como fonte de pesquisa, o percurso foi uma viagem sofrida. Foi como se abrissem feridas para curá-las. Foram passagens dolorosas, mas libertadoras”, completa.

André Luís Soares, autor de Sobre as vitórias que a história não conta, destaca que o Prêmio Oliveira Silveira é uma forma de levar às pessoas um pouco da cultura negra, de chamar a atenção para a literatura afro-brasileira, de dar oportunidade a quem se dedica a escrever sobre história negra. “A literatura no Brasil, em grande parte, ainda é uma literatura de brancos, da elite branca, que conta sempre a história de uma mesma classe. A história costuma ser a versão dos vencedores e aqui é a história do povo sofrido, do povo escravizado. Vale a pena ouvir, vale a pena conhecer o outro lado”, observa.

Para Custódia Wolney, de Sina Traçada, o prêmio é um estímulo para os autores que trabalham com a temática da diversidade cultural brasileira. “São obras que divulgam a historicidade brasileira, não só na ficção, mas onde a ficção e a realidade se mesclam, com o pano de fundo social. Os livros selecionados ajudam os jovens em seu aprendizado, de maneira paradidática, lúdica, a conhecer melhor a história do Brasil”, avalia.

Já Luiz Eduardo de Carvalho, autor de Sessenta e seis elos, destaca o fato de parte de a tiragem ser destinada a bibliotecas públicas de todo o País. “Isso por si só já é um grande prêmio, não só para o autor, mas para todos. É uma contrapartida social. É importante que essas obras possam abastecer bibliotecas e centros culturais em âmbito federal, estadual e municipal”, considera.

Autor de Haussá 1815, Comarca das Alagoas, Júlio César Farias de Andrade ressaltou ter boas expectativas com a publicação do livro. “É a melhor possível: novos livros, novos assuntos, novas temáticas culturais e aproveitando a riqueza do Brasil. O País todo tem a ganhar com o prêmio”, observou.

Texto e Fonte: Ministério da Cultura