5.8.2015 – 11:57
Lula Oliveira Sena, da SAv, conheceu as atividades do Curso Técnico em Produção de Áudio e Vídeo (Foto: SAv)
Em uma escola pública de Fortaleza (CE), 119 alunos com idade entre 16 e 18 anos estudam Português, Matemática, Literatura, Biologia e Física, como todos os adolescentes na faixa etária. Mas, no segundo período do dia, esses alunos também aprendem a “fazer audiovisual”, em disciplinas como Processo de Criação e Roteiro, Fundamentos de Edição e Montagem, Legislação, Ética e Direitos Autorais, História do Cinema e Linguagem Audiovisual nos três anos do Curso Técnico em Produção de Áudio e Vídeo. A Escola Estadual de Educação Profissional Jaime Alencar, de ensino médio e técnico profissionalizante em tempo integral, é a única na capital que oferece o curso, que existe também em mais duas cidades cearenses: Crato e Sobral.
Integrada à rede de escolas profissionais do Ceará, a Jaime Alencar desenvolve conceitos de protagonismo juvenil, inclusão produtiva, corresponsabilidade, replicabilidade e articulação em rede. Além das disciplinas básicas e do currículo específico da área, os estudantes têm formação em empreendedorismo, com conceito do Sebrae, em relações de trabalho e em planejamento estratégico de carreira e de projeto de vida, totalizando 420 horas adicionais às 800 horas de formação técnica.
No curso, os alunos têm contato com técnicos e profissionais renomados do setor audiovisual. Recentemente, participaram de uma palestra do cineasta e documentarista paraibano Vladimir Carvalho, na Casa Amarela Eusélio Oliveira, em Fortaleza, seguida do lançamento do livro Jornal de Cinema e exibição do filme Rock Brasília – Era de Ouro, ambos de autoria de Carvalho. A Casa Amarela, ligada à Universidade Federal do Ceará (UFC), é um espaço de formação – com cursos de cinema, fotografia e animação – e difusão audiovisual – com a promoção do Cine Ceará e a realização de mostras no Cine Benjamin Abraão.
Realização de sonhos
Mikael Fernandes, de 18 anos, aluno do 3° ano, conta que escolheu o Curso de Produção de Áudio e Vídeo por curiosidade. “Fiquei curioso para conhecer esse universo tão grande e lindo que é o cinema, e hoje sou apaixonado por esse meio. Vejo as coisas com outros olhos, diferente do que via antes; olho e já imagino uma fotografia, um enquadramento. A escola só veio acrescentar e fazer com que eu me encontrasse profissionalmente”, afirma.
Outro aluno do 3° ano, Antônio Pessoa Silva Júnior, de 17 anos, também embasou sua escolha “no interesse pela área, pelo envolvimento com atividades culturais, pela proatividade nas diversas partes da produção audiovisual e pela quantidade de oportunidades que esse mercado proporciona”.
“O curso técnico em produção audiovisual e a escola mudaram a minha vida e me ajudaram na qualidade das minhas atividades artísticas e culturais. Tive muitas oportunidades oferecidas pelo curso e pela escola, como poder conhecer obras e cineastas conterrâneos e participar de eventos e reuniões de planejamento da área”, conta Antônio. “Quando terminar o curso, pretendo me aperfeiçoar, conseguir um bom emprego e trabalhar com o que gosto. Quero estar sempre envolvido com atividades culturais e, acima de tudo, pretendo difundir o amor que sinto pela área por onde passar, como produtor e agente de difusão audiovisual”, diz o aluno.
A aluna Kauanny Veras, de 16 anos, cursa o 2º ano e já aposta no futuro como profissional do setor. E, com firmeza, defende sua escolha: “no começo, eu não tive apoio da minha família, por ser uma escola pública. Mas, com o passar do tempo, isso mudou. Mudou também, e para melhor, a minha visão de mundo e a minha interação com as pessoas. Ao terminar o curso, espero conhecer e trabalhar com profissionais renomados nessa área, para que eu possa crescer no mercado”.
“A partir da vivência que tive nesta escola do Ceará, pude comprovar a força que a linguagem audiovisual tem hoje na formação profissional e cidadã dos jovens brasileiros. Se nós estamos imersos completamente em um mundo audiovisual, não faz sentido essa ferramenta não passar pela vida desses jovens na fase escolar”, afirmou o coordenador-geral de Formulação, Difusão e Articulação da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura (SAV/MinC), Lula Oliveira Sena. “A compreensão da linguagem audiovisual é, no final das contas, uma compreensão crítica da sociedade na qual estamos inseridos”.
Para a secretária de Educação e Formação Artística e Cultural do MinC, Juana Nunes, é fundamental consolidar e ampliar a oferta de cursos de formação na área de Cultura em escolas de Educação Integral. “A formação cultural é parte indissociável do processo educativo e condição para promover a integração dos sujeitos à sociedade. O trabalho com os conteúdos audiovisuais fortalece valores, identidades e favorece a própria noção das referências simbólicas de expressão nacional”, afirmou. “Programas como o Pronatec Cultura, do modo integrado ou concomitante, possibilitam a formação técnica e profissional dos jovens, sendo uma excelente ferramenta para a inclusão produtiva de nossa juventude e constituindo uma proposta inovadora que ressignifica o Ensino Médio no Brasil”.
Fonte: Secretaria do Audiovisual/Ministério da Cultura