Você está aqui:

As tradições e saberes dos mestres africanos foram sistematizados pela educadora Lilian Pacheco do Ponto de Cultura, Grãos de Luz e Griô, para chegar à pedagogia griô, que valoriza a passagem de conhecimento por meio da fala e da contação de histórias.

“O conceito griô vem da África. É uma referência. É uma inspiração. [Os mestres griô] Eles são a biblioteca da tradição oral. São genealogistas, historiadores, contadores de história, poetas populares que guardam a memória vida de sua história”, explica Lilian.

A pedagoga explica o porquê do respeito aos integrantes mais idosos dessas comunidades, originárias de regiões do Mali. “Dentro do universo da tradição oral, você não tem o livro. Você tem o livro no corpo do griô: a ciência, (o uso das) as ervas, os mitos, as histórias míticas e factuais. Eles são responsáveis por transmitir e passar adiante”, completou.

De acordo com Lilian, a pedagogia griô – sistematizada por ela – foca na pessoa, na ancestralidade e na celebração da vida.

Durante a oficina realizada no penúltimo dia TEIA da Diversidade 2014, em 24 de maio, os participantes puderam conhecer propostas de como integrar as informações da cultura africana na educação formal. 

Eles sentaram no chão, formando uma grande roda, e ouviram histórias com uso de objetos e instrumentos musicais pela palestrante.

Reconhecimento legal

No Congresso Nacional, o projeto de lei 1176 de 2011, que instituía a Política Nacional Griô para proteção e fomento à transmissão dos saberes e fazeres de tradição oral, foi juntado a outra proposta que está em tramitação na Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados.

O texto (PL 1.786 de 2011) está nas mãos do relator, o deputado Evandro Milhomen (PCdoB-AP), que deverá se manifestar sobre as sugestões de mudanças (emendas) apresentadas ao relatório dele.

O projeto considera que griôs são: mestre das artes, da cura e dos ofícios tradicionais; pajés; mães e pais de santo e demais líderes religiosos; de tradição oral; brincantes; contadores de histórias; poetas populares; congadeiros; entre outros transmissores de expressões culturais populares de tradição oral.

Entre as diretrizes da Política Nacional Griô estão o reconhecimento oficial do modo de transmissão dos saberes e fazeres de tradição oral como parte do patrimônio cultural imaterial brasileiro e responsabilidade do poder público em estabelecer mecanismos de fomento e proteção que garantam a permanência e a sustentabilidade das práticas de transmissão deles.

 

Texto e imagens: Camila Campanerut – Ascom / MinC

Edição de vídeo: Diego Barreto