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Matéria publicada no jornal O Globo

Entre os dias 4 e 20 de abril, a dramaturgia brasileira estará no centro do Festival Iberoamericano de Teatro de Bogotá. País homenageado da 14ª edição da mostra colombiana, considerada uma das mais importantes do mundo, o Brasil terá uma presença expressiva, com oito montagens, além de leituras dramatizadas e lançamentos de livros. A abertura, marcada pela encenação do musical “Gonzagão – A lenda”, dirigido por João Falcão (e vencedor de dois prêmios Shell em 2012), contará com a presença da Ministra da Cultura, Marta Suplicy, cuja pasta investiu R$ 550 mil na coprodução de cinco obras para o evento. Leia entrevista.

Que atividades o ministério planejou para o festival?

Além do apoio de coprodução à montagem de cinco peças, iremos (em conjunto com o Ministério de Relações Exteriores) lançar livros traduzidos para o espanhol com obras de 14 novos dramaturgos brasileiros. E para cada uma dessas peças haverá leituras dramatizadas feitas por atores, diretores e estudantes colombianos. É um projeto importante que visa a divulgação da nossa dramaturgia no exterior. O novo passo é lançar essas obras em inglês, em francês e em mandarim. Fora isso, depois de Bogotá estamos planejando atividades nas cidades de Cali, Cartagena e Medellín.

O teatro brasileiro ainda hoje sofre de uma espécie de isolamento, com pouquíssimas obras traduzidas para outros idiomas e apresentadas fora do país. Como o MinC analisa essa situação?

Acho muito importante pensarmos em novas formas de expor essas criações, em modos de levar para fora as montagens e investir na tradução de nossos dramaturgos. Foi por isso que investimos na Feira de Frankfurt, assim como na de Bolonha, em que a nossa literatura pôde ser observada de perto. A literatura e a dramaturgia são irmãs siamesas que revelam o que somos nós, brasileiros. Mostram ao mundo do que é feita a nossa Cultura. Então, para além da literatura, acho que a dramaturgia precisa de mais apoio, sim.

Entre 2013 e 2014, boa parte dos festivais internacionais consolidados do país tiveram as maiores dificuldades de financiamento dos últimos anos, levando-os a reduzir, em alguns casos, mais de 50 % do orçamento dos anos anteriores. Como vê esse panorama em um momento em que o governo coloca a internacionalização como prioridade?

É um panorama complicado, sem dúvida. A nossa diretriz é de total apoio às artes cênicas, porque sei que a música, o cinema e as artes visuais chegam mais ao mundo. E você não conhece um povo sem conhecer a sua dramaturgia. Então os investimentos que fizemos em literatura serão incorporados às artes cênicas. A nossa ideia, no entanto, não é apenas dar visibilidade às obras, mas ativar o formigamento criativo, que se dá a partir da relação e do contato entre artistas brasileiros com outras culturas, dos encontros entre nossos criadores e artistas internacionais, que agregam outras visões. Tenho certeza de que isso potencializa a nossa produção.

Nos últimos anos, os festivais internacionais brasileiros passaram a não poder receber verbas diretas vindas da Funarte, por conta de uma lei que proíbe o MinCde transferir recursos para instituições privadas, apontada como entrave pelos produtores. Como vê essa situação?

É uma lei que está em vigor, sim, mas está na Casa Civil para ser destrinchada e reformulada. Ela foi criada para coibir uma série de coisas erradas, mas acabou coibindo o que estava errado e também coisas positivas, inibindo todo o mercado da Cultura. Isso enferrujou demais as ações do MinC e da Funarte.

Confina na íntegra a matéria.

Fonte: O Globo

Foto: Elisabete Alves

Publicação: Ascom / MinC