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Enquanto crianças brincam com monitora voluntária, os pais debatem formas de garantir o acesso dos filhos a suas tradições. Essa foi a movimentação da Conferência Livre que ocupa a programação desta quarta-feira, 22, no Brasil Cigano, com debate entre os povos ciganos e gestores do Ministério da Cultura.

A discussão de temas pertinentes à população cigana protagonizada pelos mesmos e não somente por acadêmicos, bem como a separação de associações e instituições de pesquisa para fins de acesso a recursos públicos, foram reivindicações apresentadas à secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Márcia Rollemberg, que participou do evento.

Junto a outros gestores de cultura, ela apresentou uma visão histórica das atividades da Secretaria, como o Programa Cultura Viva, explicando modalidades como Pontos e Pontões de Cultura, Rede Cultura Viva, reativação de grupo de trabalho de cultura cigana, para formulação de políticas culturais, além de responder às demandas do público. “Nós nos comprometemos a consolidar essas propostas e pensar estratégias que atendam essas solicitações. As propostas aqui discutidas serão levadas para a III Conferência Nacional de Cultura”, disse.

Brincando se aprende

Enquanto os participantes adultos do Brasil Cigano – I Semana Nacional dos Povos Ciganos participavam da Conferência Livre de Cultura, atividade que ocupa a programação desta quarta-feira, 22, as crianças ganharam um espaço próprio para se divertir.

A ideia foi de Maria Ribeiro, professora da Secretaria de Educação do Governo do Distrito Federal. Ela é voluntária da Associação Internacional Maylê Sara Kalí e resolveu passar o seu dia de folga junto ao público infantil do evento.

Maria fez entrevistas com os pequenos sobre a forma como costumam passar o tempo e descobriu que brincadeiras que privilegiam o contato corporal, como rodas, corridas, pique-pega, fazem parte da cultura deles. “Alguns têm acesso ao computador e já preferem jogos eletrônicos”, disse.

Ela também distribuiu pequenos brinquedos, lápis coloridos e folhas de papel para que pudessem retratar, por meio da pintura, a vida que levam nos acampamentos.

Lana da Silva, 8, não tirava os olhos do papel e das canetinhas coloridas que manuseava. “Gosto mais de desenhar casa, coração, brinquedos”, contou. Já David Alves, 8, deixou para trás sua obra de arte, ao avistar um microfone perto da mesa onde estava sentado. “Gosto muito de cantar”, declarou o menino. Logo, vários deles estavam cantando juntos e, com voz afinada e talento, chamaram a atenção de uma pequena plateia que se formou ao redor.

“Eu percebi com esse trabalho que eles são muito espontâneos, alegres, criativos. Possuem dons musicais natos. Alguns até já se apresentam como cantores e começaram ainda bem pequenos”, disse a professora.

Cultura Cigana

Oferecer às crianças um repertório musical que retrate a vida cigana foi uma preocupação levada à Conferência Livre de Cultura.

Os participantes buscam, também, resgatar a memória, práticas e tradições dos seus antepassados. “Não queremos apresentar dança do ventre, nem dançar cumbia, ritmo típico da Colômbia. Queremos conhecer e aprender quais são os passos típicos da dança cigana original, a dança de quem veio antes de nós”, desabafou uma jovem participante.

Entre as principais demandas dos grupos, está a capacitação de jovens ciganos no que diz respeito à cultura cigana tradicional, como música, dança e artesanato. Também há uma preocupação no que diz respeito à elaboração de mecanismos que identifiquem de fato quem é cigano, com vistas a uma participação justa em editais de cultura voltados ao segmento.

Brasil Cigano

O Brasil Cigano acontece de 20 a 24 de maio, na Granja do Torto, no Distrito Federal, reunindo cerca de 300 participantes de povos de 19 estados e do Distrito Federal e marca o Dia Nacional do Cigano, instituído por decreto assinado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva, em 25 de maio de 2006.

O evento tem como objetivo fortalecer a organização e a participação dos povos ciganos nas discussões sobre políticas públicas, valorizar e dar visibilidade à diversidade da sua cultura e ampliar a interlocução das lideranças tradicionais ciganas com o Estado brasileiro e, é voltado aos povos ciganos, gestores públicos, estudantes e comunidade em geral.

Promovido pelo Governo Federal, por meio da SEPPIR, Ministério da Cultura, Secretaria de Direitos Humanos, Ministérios da Educação e da Saúde e pelo Governo do Distrito Federal, por meio das secretarias Especial de Promoção da Igualdade Racial e de Cultura, além de associações e entidades representativas dos povos ciganos.

Participam da organização do Brasil Cigano as seguintes entidades: Associação Internacional da Cultura Romani (AICROM-Brasil/GO), Associação Internacional Maylê Sara Kalí (AMSK-Brasil/DF), Associação Nacional das Etnias Ciganas (ANEC/GO), Associação de Preservação da Cultura Cigana (APRECI/PR), Centro de Estudos e Discussão Romani (CEDRO/SP), Grupo Leshjae Kumpanja/AL.

Fonte: Ascom/ MinC com informações da Seppir