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O cinema brasileiro tem muito a comemorar neste fim de ano. Balanço preliminar feito pela ANCINE indica que o desempenho do cinema nacional quebrou recordes históricos de número de lançamentos, público e renda de filmes nacionais em 2013. Os resultados que começam a aparecer e podem ser avaliados de acordo com uma série de indicadores são bastante animadores e servem para avaliar o impacto da política pública desenvolvida pela ANCINE e dos investimentos realizados ao longo dos últimos anos pelo Fundo Setorial do Audiovisual. Até o fim de 2013 terão chegado às salas de cinema mais de 120 filmes, um número inédito nos últimos 30 anos. A título de comparação, vale dizer que desde 1986 o número de lançamentos nacionais nos cinemas não superava a centena.

E a maior oferta de obras brasileiras em cartaz teve uma resposta à altura por parte do público. Ainda faltando computar os dados das três últimas semanas do ano, os filmes brasileiros foram responsáveis pela venda de 25,3 milhões de ingressos, gerando uma renda próxima aos R$ 270 milhões. Projeções indicam que o ano deve fechar com um total próximo aos 27,5 milhões de espectadores para os filmes brasileiros, cerca de 2 milhões a mais do que o recorde histórico, alcançado em 2010. Mas se nesse ano o bom resultado deva ser creditado aos números espetaculares conquistados nas bilheterias por “Tropa de Elite 2”, que sozinho foi responsável pela venda de mais de 11 milhões de ingressos, uma análise do mercado em 2013 mostra que o sucesso foi melhor distribuído, com nove filmes ultrapassando a marca de um milhão de espectadores e 21 superando os 100 mil ingressos vendidos.

Fundo Setorial do Audiovisual

O apoio continuado do Fundo Setorial do Audiovisual pode ser creditado como um dos maiores responsáveis por este crescimento, como lembrou esta semana o diretor-presidente da ANCINE, Manoel Rangel, no lançamento das chamadas públicas de 2013 e no anúncio das novas linhas de investimento do fundo: “O Fundo Setorial do Audiovisual marca a retomada da capacidade de investimento do Estado no desenvolvimento do setor audiovisual. Rapidamente, ao longo desses últimos anos ele se tornou o principal instrumento de apoio ao setor e é parte fundamental do bom momento que vivemos hoje, ao lado é claro do talento e da capacidade dos nossos artistas, técnicos, produtores e realizadores, da capacidade empreendedora dos nossos distribuidores, exibidores e programadores de televisão e toda a mobilização da indústria audiovisual brasileira”. Em 2012, 61% do total das receitas de bilheteria dos lançamentos nacionais do ano vieram de filmes contemplados com recursos do FSA. Em 2013, com dados consolidados até o mês de novembro, este número subiu para 71%.

Prova disso é que o estoque de filmes prontos ou em finalização nunca foi tão alto: segundo dados da Superintendência de Acompanhamento de Mercado da ANCINE, 136 filmes nacionais devem ser lançados no ano que vem. Somente no mês de janeiro, três longas-metragens nacionais com grande potencial de público serão lançados, disputando espaço com os principais lançamentos internacionais em um mês considerado nobre pelo mercado.

Utilizando dados computados até o fim de novembro, o market share do cinema brasileiro em 2013 está em 18,3%, níveis bastante superiores aos de 2012, que fechou com 10,62% de participação nacional no mercado. As cinco maiores bilheterias do período foram: “Minha Mãe é uma Peça”, de André Pellenz, com 4,6 milhões de ingressos vendidos; “De Pernas pro Ar 2”, de Roberto Santucci, lançado na última semana de 2012, com 4,2 milhões ingressos vendidos; “Meu Passado me Condena”, de Julia Rezende, com 2,9 milhões de ingressos vendidos; “Vai que dá Certo”, de Maurício Farias, com 2,7 milhões de ingressos vendidos; e “Somos Tão Jovens”, de Antonio Carlos da Fontoura, com 1,7 milhões de ingressos vendidos; “Crô, o Filme”, de Bruno Barreto, ainda em cartaz; “Faroeste Caboclo”, de René Sampaio; “O Concurso”, de Pedro Vasconcelos; e “Mato sem Cachorro”, de Pedro Amorim, também contribuíram com uma quantidade de bilhetes vendidos acima dos seis dígítos.

Televisão

Na área da produção para a TV o crescimento é ainda mais evidente. Ainda por conta dos reflexos da entrada em vigor da Lei 12.485/2011, que alavancou fortemente a produção e veiculação de conteúdos brasileiros na TV por assinatura, a explosão dos números de emissões de CRTs (Certificado de Registro de Título) pela ANCINE para o segmento servem como um bom indicativo da movimentação acelerada do setor. Apenas nos três primeiros semestres do ano foram emitidos 2.337 certificados, contra 1.059 em todo o ano de 2012 e apenas 761 no ano anterior, quando a lei ainda não estava em vigor. o volume de CPBs para obras seriadas também aumentou exponencialmente: foram 823 em 2013, contra 315 em 2012 e 200 em 2011.

O setor de TV por assinatura também continua crescendo em ritmo acelerado, como fez questão de lembrar Rangel: “A TV por assinatura cresceu em 2011 e 2012 cerca de 27% ao ano, e em 2013 vai crescer ao redor de 13%, o que não é pouco. Neste ambiente, mais de 80 canais têm exibido no horário nobre filmes e séries brasileiros independentes. O Fundo do Audiovisual está presente em uma parcela significativa dessas obras”.

Em relação ao parque exibidor brasileiro, o Programa Cinema Perto de Você, operado com recursos do FSA, contribuiu nos últimos anos para o crescimento e estimulou a desconcentração das salas de cinema no país. De 2009 a dezembro de 2012, quando o ano fechou com 2.517 salas, foi constatado um crescimento de 19,3%. O ano de 2013 deve fechar contabilizando um total de 2.730 salas de cinema no território nacional. Uma das metas do programa é que todas estas salas estejam digitalizadas até o final de 2015.

Números definitivos e consolidados do mercado audiovisual em 2013 devem ser divulgados pela ANCINE ainda no primeiro trimestre do ano que vem.
Fonte: Ancine
Edição: Ascom/MinC