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Marabaixo-AP

Grupos de marabaixo se mobilizam para elaboração do plano de salvaguarda (Foto: Iphan-AP)

Como pontapé inicial para a elaboração do Plano de Salvaguarda do marabaixo, Patrimônio Imaterial do Brasil desde 2018, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia federal vinculada ao Ministério do Turismo e à Secretaria Especial da Cultura, concluiu nesta segunda-feira (29) a primeira oficina de capacitação voltada para os marabaixeiros e marabaxeiras do Amapá.

A capacitação foi dividida em dois módulos, realizados por videoconferência. O primeiro tratou da Política Nacional do Patrimônio Imaterial e o reconhecimento do marabaixo. No segundo, os participantes conheceram os eixos de ação da salvaguarda para bens culturais registrados como Patrimônio Cultural do Brasil.

“O Plano de Salvaguarda vai direcionar a proposição de políticas públicas que garantam a valorização, a promoção e a sustentabilidade cultural do marabaixo”, explica o técnico em Antropologia da superintendência do Iphan no Amapá, Daniel Oliveira. O documento será elaborado pelos marabaixeiros e marabaxeiras, que são os detentores desse bem, com o apoio do Iphan.

“A oficina trouxe uma visão mais abrangente do que é a política de salvaguarda e como podemos adaptar as ações à nossa realidade para preservação do marabaixo”, disse a marabaixeira Danielly Paes, integrante do grupo de Marabaixo Devotos de Nossa Senhora da Conceição. A primeira oficina contou com treze participantes.

 Marabaixo

A origem do nome marabaixo remete aos africanos escravizados que morriam nos navios negreiros e cujos corpos eram jogados na água, enquanto os que sobreviviam cantavam hinos de lamento mar abaixo e mar acima. Com o tempo, eles passaram a fazer promessas aos santos que consagravam, e quando a graça era alcançada se celebrava um marabaixo em homenagem aquele santo.

Atualmente, o Ciclo do Marabaixo toma conta das ruas do centro de Macapá após a Semana Santa.  A festa é realizada como forma de manifestar toda a devoção à Santíssima Trindade e ao Divino Espírito Santo, ou seja, está ligada à religião católica. Este ano, por causa da pandemia, não haverá apresentações nas ruas. Mas as instituições que realizam o ciclo planejaram uma programação online que começa no sábado (03).

A manifestação cultural envolve tocar instrumentos, cantar e dançar. A caixa, uma espécie de tambor, é o instrumento utilizado para dar ritmo ao marabaixo. A letra da canção é chamada de ladrão. Isso porque antes as letras eram improvisadas, no momento, com base em questões do dia a dia das pessoas. Havia uma disputa, na qual o ladrão podia se apropriar da rima, roubando a cena e levando o canto em outra direção.

Legado

Passar a cultura do marabaixo às gerações futuras é uma prioridade dos detentores dessa manifestação. “Antes apenas os mais idosos participavam da roda. Na minha família, por exemplo, quando minha mãe desenvolveu Alzheimer, percebemos que ela não lembrava as letras das músicas. Sentimos a necessidade de levar essa tradição adiante. Primeiro minha irmã Marilda Costa e hoje toda a família está envolvida. Já temos uma quarta geração no marabaixo”, explica uma das coordenadoras do Ciclo, Valdinete Costa.

Crianças entram na roda do marabaixo

Em fevereiro, a família perdeu Marilda Costa, aos 78 anos. Marilda foi fundadora da Associação Cultural Berço do Marabaixo do antigo bairro Favela, atual bairro de Santa Rita. Foi membro fundadora da Academia Amapaense de Batuque e Marabaixo.  Contribuiu também para o registro do marabaixo como Patrimônio Imaterial do Brasil, levando adiante a tradição que começou ainda com a avó dela, Gertrudes Saturnino, uma das precursoras do ritmo no estado.

Para atrair os jovens, nos últimos anos, os marabaxeiros incluíram as crianças nas rodas, fizeram apresentações em escolas, adotaram vestimentas mais coloridas, permitiram a aceleração dos ritmos das canções tradicionais. Em 2019, com apoio do Iphan-AP, foram realizadas apresentações em escolas de oito municípios amapaenses.

 

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