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A ação “Canal Babau” cria um acervo digital do Teatro de Bonecos Popular do Nordeste

Canal Babau

Autômatos Musicais do Educativo Móvel (Foto: Divulgação).

Senhoras e senhores, abram espaço nas casas e nos corações porque o mamulengo vai entrar! Também conhecido como Babau, João Redondo e Cassimiro Coco, não falta é nome para identificar o Teatro de Bonecos Popular do Nordeste (TBPN). Cada alcunha carrega a origem e a tradição do lugar em que se popularizou. Todos estão convidados para o espetáculo: desde menino moço a cabra velho, quem quiser pode se achegar para conhecer e se encantar com essa forma de expressão registrada como Patrimônio Cultural Brasileiro desde 2015.

Como imortalizou Luiz Gonzaga na canção “Mamulengo”, o teatro do mamulengo é “do povão se distrair”. De caráter popular, no léxico do TBPN não existe apresentação: o que há é a brincadeira, que diverte o público enquanto o convoca para participar e brincar junto.

Mestre João(Foto: Divulgação).O cenário? Tolda, empanada ou barraca denominam a estrutura vazada, geralmente de madeira, que funciona como palco. As estrelas das narrativas são os bonecos. Eles compõem um universo rico de personagens e às vezes se tornam tão célebres que praticamente ganham vida própria: passam a pertencer ao imaginário coletivo do mamulengo, ultrapassando as limitações do repertório de um único mestre bonequeiro.

Aliás, já estava na hora de mencionar os mestres. Os artistas que conduzem a tradição para todo canto do Brasil e são guardiões desta manifestação que traduz diversos elementos da cultura popular nordestina. De mestre para aprendiz, de pai para filho, há séculos o teatro de bonecos é transmitido de uma geração a outra. Só que desde 2020 a brincadeira ficou vazia. Em um contexto pandêmico no qual não se pode formar público e montar a tolda, como o TBPN pode sobreviver?

Sem saber, um projeto antecipou este cenário de limitações. Em 2019 nasceu o Canal Babau para promover a salvaguarda do teatro de bonecos. Mesmo quando o isolamento social era um futuro desconhecido, o Canal Babau já se articulava para inserir o mamulengo na internet. A forma escolhida foi uma plataforma digital colaborativa formada por mestres bonequeiros de Pernambuco. E ainda tem mais! O projeto também engloba uma produtora audiovisual com enfoque no registro de sons, imagens, práticas e saberes do mamulengo.

Registro do público do Teatro de Bonecos(Foto: Divulgação).No site Canal Babau tem de tudo para o visitante mergulhar na cultura desta forma de expressão: jogo de memória com imagens dos personagens, mapa que delineia a trilha do TBPN pelo país, história em quadrinho que esmiúça o universo do teatro de bonecos, assim como galerias com vídeos e imagens que representam a obra de cada mestre bonequeiro.

O Canal Babau é um banco de dados singular sobre o mamulengo que visa ampliar o acervo e potencializar o contato com o público. Neste sentido, o Prêmio Rodrigo vem como incentivo para fortalecer a plataforma e expandir o seu alcance. Onde houver um coração aberto ao teatro de bonecos, o Canal Babau pretende chegar, seja em tempos de isolamento social ou depois, quando o público puder se reunir novamente diante de uma tolda montada.

A plataforma é um mecanismo para desbravar a cultura do TBPN onde quer que se esteja: em casa ou na rua o mamulengo se encontra sempre na palma da mão, à distância de poucos cliques. Não se propõe a substituir a experiência presencial, que desperta sensações e emoções intransponíveis. Mas constitui um valioso inventário do babau no estado de Pernambuco.

Registro do público do Teatro de Bonecos(Foto: Divulgação).À frente do projeto, o mestre Wagner Porto ressalta que o reconhecimento do Iphan encoraja, fortalece e indica que o coletivo está no caminho certo para a construção de políticas públicas voltadas ao TBPN. “É preciso firmar ações continuadas de reconhecimento e amparo dos mestres remanescentes desse patrimônio cultural, tido como um dos mais ameaçados”, analisa Porto. O bonequeiro ressalta a importância de “levar os mestres para as salas de aula, garantindo reconhecimento aos detentores, amparo econômico e social, de modo a reconhecê-los enquanto educadores que preparam novas gerações de mamulengueiros”.

Vaqueiros corajosos, moças bonitas, fazendeiros autoritários, cobras traiçoeiras e até mesmo diabo e morte compõem o vasto mosaico de histórias que tornam o mamulengo representativo da cultura popular nordestina. Cada boneco é um mundo por si só, mas também ajuda a formar a atmosfera dessa região brasileira. E diante das adversidades, o TBPN consiste em uma receita pra chamar a alegria, como bem observou Luiz Gonzaga na canção “Mamulengo”: “Fala, fala mamulengo, vai gracejando prá nos divertir / Fala, fala mamulengo, o mundo inteiro necessita sorrir”.

Assista ao espetáculo!

*Fotos: Divulgação

Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade

A ação “Patrimônio, por Eles Mesmos- Canal Babau e o registro de Salvaguarda do Mamulengo de Pernambuco, Patrimônio do Brasil” foi vencedora do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade 2020, na categoria “Patrimônio Imaterial”, segmento “Pessoa Física ou MEI”. Realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Prêmio Rodrigo tem como objetivo valorizar e promover ações que atuam na preservação dos bens culturais do Brasil. Este ano, foram escolhidos 12 projetos vencedores. Cada iniciativa recebe uma premiação de R$ 20 mil. 

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Daniela Reis – daniela.reis@iphan.gov.br
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