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Atualmente, as aulas, com quatro meses de duração, vêm sendo dadas no prédio da Unidade de Semiliberdade da Comunidade de Ação São Francisco de Assis (Case 1), Fundação Renascer (Fotos: Divulgação)

Biblioteca Pública Estadual Epiphanio Dória capacita e reinsere jovens de baixa renda, com dificuldade escolar ou cumprindo medidas socioeducativas por meio de projeto que ensina montagem e manutenção de computadores e educação ambiental, entre outros temas

Com mais de 170 anos de atividades, a Biblioteca Pública Estadual Epiphanio Dória, em Aracaju (SE), está cada vez mais próxima da comunidade. A instituição desenvolve, com jovens carentes da região, principalmente os de baixa renda, com dificuldade escolar ou cumprindo medidas socioeducativas, o projeto Reciclatec, que capacita em técnicas de montagem e manutenção de computadores. Até o momento, 80 alunos de 12 a 21 anos já foram capacitados.

O Reciclatec teve início em abril de 2017 e é realizado em parcerias com órgãos públicos e empresas privadas, que doaram computadores que estavam desuso. Doze profissionais participam da ação, de forma voluntária. Todo o material didático também foi doado por voluntários. Segundo a diretora da biblioteca, Juciene Maria Santos de Jesus, a proposta é que, após o curso, os participantes sejam inseridos em programas de bolsa-estágio, tanto da iniciativa privada quanto da esfera pública. “Além disso, a ideia é que, a cada turma, o projeto seja expandido para outras bibliotecas ou comunidades com associações comunitárias organizadas”, adianta.

Além de servirem como material didático para capacitação, parte dos computadores recuperados serão doados a outras bibliotecas e ONGs para criação de telecentros que possam ser utilizados de maneira gratuita pela comunidade para serviços on-line e também outros cursos. “Esperamos que os jovens que participam do projeto se tornem multiplicadores e instrutores nas comunidades onde serão criados os telecentros”, afirma. “Também pretendemos ampliar o projeto com a criação de pequenas usinas de reciclagem de lixo eletrônico nas comunidades onde o projeto está inserido, de forma a gerar renda aos participantes”, completa Juciene.

Também faz parte do currículo a criação de uma horta orgânica para a prática dos conhecimentos adquiridos nas aulas de educação ambiental

Dentro do projeto, além da capacitação em manutenção de computadores, os jovens também têm aulas de educação ambiental, noções de ética e cidadania e letramento. “Todo o assunto abordado é trabalhado de forma interdisciplinar, facilitando a compreensão sobre os temas tratados”, explica a diretora. Também faz parte do currículo a criação de uma horta orgânica para a prática dos conhecimentos adquiridos nas aulas de educação ambiental. “Pretendemos também, futuramente, implantar uma política de reciclagem do material descartado que não há possibilidade de recuperação”, informa Juciene.

Atualmente, as aulas, com quatro meses de duração, vêm sendo dadas no prédio da Unidade de Semiliberdade da Comunidade de Ação São Francisco de Assis (Case 1), Fundação Renascer, mas deverão voltar a ser na própria biblioteca assim que terminarem algumas reformas que estão sendo realizadas no local. Enquanto o projeto estiver funcionando no Case 1, o trabalho será realizado apenas com os internos de lá. “A proposta é que, com a reinauguração da biblioteca prevista para 14 de junho, possamos abrir outra turma com o público geral”, adianta a diretora.

Experiência inovadora

Esta ação de abertura da biblioteca e integração com a sociedade na oferta de atividades “não convencionais” chamou a atenção da Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania, que utilizou este caso de sucesso como exemplo de boas práticas durante evento no fim do mês passado, em Quito, no Equador. Na ocasião, a coordenadora-geral do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP) e presidente do Iberbibliotecas, Ana Maria da Costa Souza, apresentou a experiência sergipana para integrantes dos países participantes do Programa Ibero-americano de Bibliotecas Públicas.

Para Ana Maria, a biblioteca vem conseguindo trabalhar em consonância com a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), que estipula objetivos sustentáveis como a educação de qualidade e preparação para o trabalho. “A biblioteca deixa de ser só um equipamento e se assume como instituição democrática, indo além de suas paredes e atingindo o público fora do próprio equipamento físico. Isso é muito importante e a gente quer caminhar nesta nova linha também”, destaca Ana Maria.

Assessoria de Comunicação
Secretaria Especial da Cultura
Ministério da Cidadania