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13.11.2018 – 12:18

Um dos bens culturais mais preciosos para o Espírito Santo ganhará do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), entidade vinculada ao Ministério da Cultura, mais uma obra de conservação. A Igreja dos Reis Magos, em Nova Almeida, no município da Serra, construída entre 1580 e 1615, receberá investimentos de aproximadamente R$ 720 mil. A ordem de serviço, que também contempla a residência, será assinada na próxima quarta-feira (14), às 10 horas, pela presidente do Iphan, Kátia Bogéa, em cerimônia que contará com a presença do governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, e do prefeito da Serra, Audifax Barcelos.

A Igreja dos Reis Magos foi construída entre 1580 e 1615 e é um dos símbolos da presença jesuíta no Brasil. Foto: Acervo Iphan

Serão realizadas ações no telhado, nas alvenarias, nas esquadrias, pisos, forros e substituição de equipamentos hidráulicos. Também será feita a recomposição de piso do pátio e da Igreja, a substituição de elementos elétricos e a realização de intervenções em elementos artísticos, como por exemplo, a higienização mecânica do quadro Adoração dos Reis Magos. A obra está prevista para ficar pronta em dez meses.

A presidente do Iphan, Kátia Bogéa, destaca que a igreja é um dos símbolos da presença jesuíta no Brasil. “Esta edificação secular, por sua excepcionalidade, está inscrita nos livros de Belas Artes e Histórico. Manter viva essa memória exige permanente atenção por parte de toda a comunidade e dos poderes públicos”, afirma.  A obra de conservação tem como objetivo garantir a manutenção e a proteção dos elementos arquitetônicos e artísticos do Patrimônio Cultural tombado pelo Iphan em 1943, para que o bem possa ser usufruído por toda a comunidade e pelos turistas que visitam a cidade.

O prefeito Audifax Barcelos destaca a importância do bem. “A Igreja e Residência dos Reis Magos é um dos mais importantes símbolos do Estado e da Serra. É o segundo ponto turístico mais visitado do Espírito Santo. Além de ajudar a contar parte da história da cidade, atrai visitantes e gera renda para o município. A conservação desse patrimônio é um marco e deve ser comemorada”.

 

Patrimônio Cultural conservado

No município vizinho, Anchieta, o Iphan também está com obras em andamento. O Santuário Nacional de São José de Anchieta será totalmente restaurado. O museu do Santuário do século XVI, um dos mais antigos monumentos católicos do país, irá passar por obras de acessibilidade e ganhar rampas, plataformas elevatórias, banheiro adaptado, além de sinalização em braile. A intervenção tem o propósito de democratizar o acesso às salas do museu, como a histórica Cela de São José de Anchieta. O local receberá projeto museográfico de organização do acervo, que contempla investimentos na climatização, telhado, iluminação, comunicação, sonorização e restauro de peças.

Na segunda etapa da obra, serão executados o restauro da Igreja, a montagem da sala de documentação e estudos e o paisagismo na área do entorno do Santuário. O projeto, contratado pelo Iphan, será executado pelo Instituto Modus Vivendi. A primeira etapa conta com patrocínio da Vale, que investirá R$ 5,6 milhões, via lei Rouanet.

 

Herança Jesuíta no Espírito Santo

No Estado, além do aspecto religioso, a passagem jesuítica teve significativo papel na educação e no empreendedorismo. Fundaram o Colégio de São Tiago (atual Palácio Anchieta), em Vitória, e as aldeias de Reis Magos, em Nova Almeida, e de Reritiba, em Anchieta, além das fazendas de Muribeca, em Presidente Kennedy, Itapoca, em Serra, e Araçatiba, em Viana.

As fazendas garantiam a subsistência do Colégio e a continuidade de seus trabalhos, assegurando-lhe independência autárquica, além da função específica de ensino. Elas tiveram importante influência na vida econômica da capitania ao se tornarem os mais importantes centros de produção da época.

A herança dos Jesuítas também é relevante no conjunto arquitetônico do patrimônio histórico no estado, sendo quatro os bens considerados Patrimônio Cultural Brasileiro: a Igreja de Nossa Senhora da Assunção e Residência, em Anchieta; a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Guarapari; a Igreja dos Reis Magos e Residência, em Serra; e a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, em Viana.

Existem outros três bens tombados pelo Conselho Estadual de Cultura: a Igreja de São João de Carapina, em Serra; a Igreja de Nossa Senhora das Neves, em Presidente Kennedy; e o Palácio Anchieta, em Vitória. Contudo, dentre os vários aldeamentos jesuítas por todo o Brasil, a dos Reis Magos impressiona por ser um dos poucos conjuntos sem muitas alterações ao longo de quatro séculos.

O Pároco da cidade, Frei Diniz, destaca a importância que as obras de conservação representam para a população da Serra e convida a comunidade para participar da cerimônia. “Vamos celebrar essa iniciativa e demonstramos que valorizamos e estamos cuidando muito bem desse bem cultural que está em nossa cidade, mas é patrimônio do Brasil”, conclui.

 

Jesuítas e o Patrimônio Cultural Brasileiro

Criado em 1937, com a finalidade de promover a preservação do patrimônio cultural do Brasil, o Iphan incluiu o expressivo legado jesuítico em suas primeiras ações de proteção e conservação. Foram onze tombamentos logo em 1938, entre os quais a Catedral Basílica de Salvador (BA), o Seminário de Olinda (PE), a Capela de São Pedro d’Aldeia (RJ), o antigo Colégio de Paranaguá (PR) e as ruínas da igreja de São Miguel (RS). Paralelamente aos acautelamentos pioneiros, foram realizados detalhados estudos sobre a contribuição dos jesuítas nas artes plásticas e arquitetura.

 

Fonte: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional / Ministério da Cultura