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17.10.2018 – 14:15

Ela traduz as múltiplas identidades culturais do País e se apresenta como uma das mais poderosas formas de preservação da memória coletiva. Celebrada nesta quarta (17), ela faz festa diária na vida de todo cidadão brasileiro. Instituído pela Lei Nº 12.624, de 2012, o Dia Nacional da Música Popular Brasileira é uma homenagem ao aniversário de nascimento de Chiquinha Gonzaga, que pode ser considerada a primeira compositora popular do País.

Chiquinha nasceu no Rio de Janeiro, em 1847, e foi responsável por um reboliço musical e social na cidade. Frequentou as rodas musicais do local e teve atuação na libertação dos escravos numa época em que as mulheres não tinham espaço na música e na política. Como diz o musicólogo e diplomata Vasco Mariz, em crítica sobre a compositora, “sua atividade era extraordinária em todos os setores. Basta dizer que só para o teatro escreveu nada menos de 77 partituras, quase todas encenadas e muitas delas com bastante sucesso”.

A atuação da compositora reverbera ainda hoje na importância da Música Popular Brasileira para o cenário musical nacional e para a forma como o País é identificado no globo. “O prestígio de nossa música consolida-se em todo o mundo, podendo ser considerada como um dos símbolos de nossa gente, seus hábitos, seus fazeres, haveres e falares”, sintetiza o site do Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, que conta com parceria do Ministério da Cultura (MinC).

Para o diretor do Centro de Música da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Marcos Souza, a Música Popular Brasileira se mantém “riquíssima”. “Temos uma diversidade absurda e, todo ano, nossa música é reconhecida no mundo inteiro. Cabe dizermos que existe uma potente riqueza explorada pelo setor que apresenta a música para o entretenimento, mas também há outros caminhos que procuramos estimular, como a música de contemplação”, explica.

Ações e projetos

A Funarte, vinculada ao Ministério da Cultura, promove e participa de diversos debates acerca da Música Popular Brasileira, no Brasil e no exterior. Até essa quinta (18) a Funarte promove, por exemplo, o seminário Música Popular Brasileira em Pauta, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O evento acontece na capital fluminense e reúne pensadores de todo o País. “A Funarte vem ocupando espaços, participando de festivais. Uma grande quantidade de eventos nessa área demonstra que a Música Popular Brasileira continua atual e inteligente. Ela estará sempre se recriando e revivendo a nossa memória”, reforça o diretor.

A Música Popular Brasileira também vem sendo divulgada em todo o mundo pela Funarte por meio de partituras. O projeto Songbook Online Internacional reúne cerca de 1.200 partituras cedidas por mais de 15 instituições e alguns compositores – elas também incluem volumes de Música de Concerto e Bandas de Música. Em dezembro deste ano, serão lançados novos volumes com composições de viola caipira, violão brasileiro e samba.

A ideia é que os songbooks sejam distribuídos pelo Itamaraty às Embaixadas e Consulados do Brasil no exterior para uso em ações de divulgação da música brasileira junto a instituições de ensino e ao público em geral. Os textos que norteiam as coleções estão disponíveis em português, inglês, espanhol e francês.

A música na indústria e na tradição

Desde 2001, o MinC, por meio da Agência Nacional do Cinema (Ancine), já disponibilizou mais de R$ 400 milhões para cerca de 150 projetos audiovisuais direcionados para a música. Tanto a Lei do Audiovisual quanto o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), por exemplo, se tornaram ferramentas para que a música chegasse a milhões de brasileiros por meio das telinhas e telonas.

Foto: Luiz Santos/Iphan

O assessor da Ancine João Pinho explica que, apesar da instituição não trabalhar com editais temáticos, a música se encontra presente em inúmeros projetos aprovados. “Essa é a vitória da intersetorialidade. Não avaliamos o mérito para a aprovação dos projetos, mas a música é muito presente nessa verdadeira indústria cultural. Vamos dar mais visibilidade a esses investimentos, para que os projetos continuem encontrando esse caminho sustentável para suas produções”, afirmou.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), também vinculado ao Ministério da Cultura, reforça, por sua vez, que as expressões tradicionais são a fundação de diversas manifestações musicais, incluindo a Música Popular Brasileira. “Tudo o que vejo de moderno e de contemporâneo, do que pode ser chamado de novo, tem influência de tradições. E a população que ainda está no interior, apesar do contato com as novas mídias, não deixou de lado produções ancestrais. Trata-se de uma Música Popular Brasileira no sentido de estar nas raízes da população brasileira”, expõe a coordenadora de Salvaguarda do Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan, Rívia Ryker.

Entre as formas de expressão musicais salvaguardadas pelo Iphan está o Samba de Roda do Recôncavo Baiano, expressão musical, coreográfica, poética e festiva das mais importantes e significativas da cultura brasileira. Ele exerceu influência no samba carioca e, até hoje, é uma das referências do samba nacional.

Outro bem imaterial já registrado pelo instituto são as Matrizes do Samba no Rio de Janeiro: o partido alto, vinculado ao cotidiano e a uma criação coletiva baseada em improvisos; o samba-enredo, de ritmo inventado nas rodas do bairro do Estácio de Sá e apropriado pelas nascentes escolas de samba para animar os seus desfiles de Carnaval; e o samba de terreiro, vinculado à quadra da escola, ao quintal do subúrbio, à roda de samba do botequim.

Esses são apenas exemplos que fundamentam a diversa Música Popular Brasileira, cultivada em todas as regiões do País, nas mais variadas vertentes estéticas, por milhares de compositores, intérpretes e instrumentistas.

 

Fonte: Assessoria de Comunicação / Ministério da Cultura