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10.10.2018 – 12:30

A Agência Nacional do Cinema (Ancine) divulgou, nesta quarta (10), o resultado final da Chamada Concurso Produção para Cinema 2018, o primeiro da agência com cotas de gênero e raça. O valor total investido pelo Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) é de R$ 100 milhões, sendo R$ 60 milhões na Modalidade A, voltada a projetos de longa-metragem de ficção, documentário e animação, sem distinção de objetivos comerciais ou artísticos; e R$ 40 milhões na Modalidade B, com ênfase em projetos de perfil autoral e propósitos artísticos. Na Modalidade A, foram contemplados 22 projetos e na Modalidade B, 20 projetos.

O edital de concurso foi o primeiro da Ancine com cotas de gênero e raça. Na modalidade B, de viés artístico, os projetos com direção de mulheres e negros surpreenderam e ficaram bem acima da cotas estabelecidas. No caso das cotas de no mínimo 35% dos recursos para projetos dirigidos por mulheres cisgênero ou transexuais/travestis, foram contemplados oito do total de 20 projetos. Este número representa, em termos de orçamento, um percentual de 44,5% do orçamento total, quase 10 pontos percentuais acima da cota mínima. Bom desempenho tiveram também os diretores negros. Do mínimo de 10% dos recursos disponíveis para diretores negros (pretos e pardos) ou indígenas, foram contemplados cinco dos 20 projetos totais, um percentual de 26,4% do orçamento geral, mais que o dobro da cota prevista.

Na modalidade A, houve demanda para o cumprimento de cotas para mulheres diretoras, cujos nove projetos representaram exatamente 35% do orçamento total, mas não houve demanda de projetos suficientes para o cumprimento das cotas de diretores negros, restrita a um filme, equivalente a 2,5% do orçamento geral.

Nas duas modalidades foram aplicados também indutores regionais: o edital determina que no mínimo 30% dos recursos disponíveis sejam alocados em projetos de produtoras independentes sediadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste (CONNE); e que no mínimo 10% dos recursos sejam alocados em projetos da região Sul e dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo (FAMES). Na Modalidade B, tanto CONNE quanto FAMES bateram suas cotas: 33% e 24,4%, respectivamente. Na modalidade A, apenas os estados do FAMES bateram a cota, com uma demanda de 20,3% dos recursos (dois projetos). Não houve demanda de projetos suficiente para o cumprimento da cota dos estados do CONNE. Os projetos contemplados atingiram 25% dos recursos orçamentários totais.

 

Desconcentração dos recursos

O caráter desconcentrador de recursos acabou se materializando do ponto de vista da regionalização da produção em todo o país. Produtoras sediadas no CONNE receberam R$ 15 milhões na Modalidade A e R$ 13,2 milhões na Modalidade B (com seis projetos em cada uma), num total de R$ 28,2 milhões. Já as produtoras do FAMES receberam R$ 12,2 milhões na A (três projetos) e 9,7 milhões na B (cinco projetos), total de R$ 21,9 milhões. Ou seja, as produtoras fora do eixo Rio-São Paulo receberam R$ 50,2 milhões. Com isso, a produtoras do eixo RJ-SP receberam investimentos de R$ 49,7 milhões (em 22 projetos). Em outras palavras: as produtoras fora do eixo Rio-SP receberam mais da metade dos R$ 100 milhões disponíveis para a chamada.

O mesmo pode ser dito em relação ao porte das empresas. Ao contrário do que se especulava, 30 empresas contempladas foram classificadas nos níveis mais iniciantes: 1, 2 e 3, enquanto 12 produtoras contempladas são classificadas na ANCINE nos níveis 4 e 5, mais altos. Na modalidade B, 15 das 20 produtoras contempladas têm classificação até o nível 3.

O anúncio antecipou em nove dias a data prevista no cronograma do edital, lançado menos de sete meses atrás, em 19 de março deste ano, um objetivo de aceleração na análise dos processos que bateu as expectativas da agência. Em relação à última Chamada Prodecine 01, também voltada à produção de longas-metragens, o período entre o lançamento do edital e a divulgação do resultado final foi reduzido de 1 ano, 2 meses e 13 dias para menos de 7 meses, mesmo com quase o triplo de projetos inscritos.

Em relação às cotas regionais e raciais, os recursos da Chamada foram distribuídos nas proporções abaixo, considerando que o mesmo projeto pode cumprir mais de uma cota:

 

Modalidade A – R$ 60 milhões

CONNE: R$15.025.904,00

FAMES: R$12.200.000,00

Cotas de gênero: R$21.001.588,35

Cotas de raça: R$1.500.000,00

 

Modalidade B – R$ 40 milhões

CONNE: R$13.234.397,88

FAMES: R$9.758.790.81

Cotas de gênero: R$17.804.058,50

Cotas de raça: R$10.575.087,81

 

Acesso Rápido

 

Confira os resultados da Modalidade A

 

Confira os resultados da Modalidade B

 

Fonte: Assessoria de Comunicação / Agência Nacional do Cinema / Ministério da Cultura